Federação de judo alvo de buscas relativas à gestão de ex-presidente Jorge Fernandes

Em causa, estão crimes de tráfico de influência, abuso de poder e peculato, durante o período em que Jorge Fernandes foi presidente.

Março 27, 2025

A Federação Portuguesa de Judo (FPJ) foi hoje alvo de buscas da Polícia Judiciária (PJ), no âmbito de uma investigação que incide sobre a gestão do ex-presidente Jorge Fernandes, anunciou o organismo.

“A Federação Portuguesa de Judo vem por este meio comunicar que no presente dia decorreram buscas por parte da Polícia Judiciária na sua sede, em Odivelas, cujo objeto é a gestão por parte do anterior Presidente, no período em que exerceu essa função”, comunicou a FPJ.

Em causa, segundo o mandato emitido pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Loures a que a agência Lusa teve acesso, estão crimes de tráfico de influência, abuso de poder e peculato, durante o período em que Jorge Fernandes foi presidente.

Também em comunicado, a federação, atualmente liderada por Sérgio Pina, informou estar “a colaborar ativamente com as entidades competentes com o intuito de ver esclarecidas todas as questões suscitadas e, consequentemente, ser apurada toda a verdade”.

Sérgio Pina, que foi vice-presidente da anterior direção, órgão que não completou o seu mandato, devido a processo disciplinar do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) e subsequente destituição em Assembleia Geral, em dezembro de 2022, disse ainda à Lusa que da sede da FPJ, em Odivelas, foi levada pela PJ “documentação de contabilidade entre 2017 e 2023”.

Segundo o despacho do Ministério Público, o mandado de busca e apreensão de tudo o que seja relacionado com os factos da investigação foi emitido para a sede da FPJ, mas também para mais três outros locais.

Presidente a partir de 2017, Jorge Fernandes esteve à frente de um dos períodos de maior sucesso do judo português, nomeadamente com os dois títulos mundiais e um bronze olímpico de Jorge Fonseca, bem como o “vice-título” mundial de Bárbara Timo.

O dirigente conimbricense não resistiu, porém, a um litígio com vários judocas de topo, entre os quais Telma Monteiro, e acabou alvo de um processo disciplinar do IPDJ, por alegado favorecimento do filho, à época integrado como funcionário da federação.

Nas conclusões do inquérito, o IPDJ determinou a perda de mandato de Jorge Fernandes, por entender que a direção da FPJ infringiu o artigo 51.º do Regime Jurídico das Federações Desportivas (RJFD), que configura a perda de mandato de titulares de órgãos federativos, por inelegibilidade, incompatibilidade ou por terem intervenção em contrato no qual tenham interesse.

Após a “queda” de Jorge Fernandes, Sérgio Pina foi eleito em abril de 2023 para o remanescente do mandato, até ao final do ciclo olímpico Paris2024, e, em outubro de 2024 foi reeleito, num sufrágio em que Jorge Fernandes se candidatou, sem sucesso.

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