Em comunicado, a comissão de Utentes de Transportes Públicos do Alto Minho lembra que a Câmara de Viana do Castelo reduziu em 2024 o apoio “de 67% para 40%” às deslocações entre aquele concelho e o Porto.
O presidente da Câmara de Viana do Castelo afirmou hoje ser necessário “esperar” pelas “diligências da Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Minho junto da Área Metropolitana do Porto (AMP)” para criar um passe de transporte entre as duas regiões.
“Sempre reunimos com os principais rostos desta comissão de utentes [de transportes] para analisar o movimento pendular para o Porto. Além dos recursos serem limitados, há entidades que tem de interagir na lógica intermunicipal. A CIM do Alto Minho está a fazer diligências com a AMP. No mesmo percurso [Viana do Castelo – Porto] temos três entidades. Temos de esperar”, afirmou Luís Nobre, no período de antes da ordem do dia da reunião camarária de hoje, em resposta a questões dos vereadores da oposição.
Utentes dos transportes entre Viana do Castelo e o Porto criticaram hoje a “incapacidade” da CIM do Alto Minho se articular com a AMP para criar um “passe único”, evitando a subida de 88 para 200 euros mensais na deslocação.
Em comunicado, a comissão de Utentes de Transportes Públicos do Alto Minho lembra que a Câmara de Viana do Castelo reduziu em 2024 o apoio “de 67% para 40%” às deslocações entre aquele concelho e o Porto, levando a que os utilizadores diários/frequentes enfrentem um aumento de 100%”.
Na reunião de câmara, Luís Nobre alertou que “alguns membros desta comissão de utentes nem sequer são munícipes de Viana do Castelo”.
“Estão a pedir que Viana resolva uma situação mas que não residem em Viana. Viana está na moda. Todos se querem associar a Viana para o bem e para o mal”, afirmou.
O presidente da autarquia garantiu não estar “a ignorar” ou ser “insensível” à questão.
“Mas não podemos fazer o trabalho que compete a um conjunto de entidades”, frisou.
O autarca socialista chamou também a atenção para o “princípio da equidade”, questionando o motivo pelo qual deve “tratar de forma diferente os utentes que vão para o Porto dos que vão para Braga, Lisboa ou Coimbra”.
“Tratamos todos os utentes de transporte público da mesma forma, independentemente do sítio para onde se deslocam”, notou.
Luís Nobre falou ainda na necessidade de recursos para apoiar os utentes na deslocação diária para o Porto.
“O município gasta mais de dois milhões de euros por ano em transporte. Se tivermos espaço de manobra, naturalmente utilizaremos o recurso disponível para incrementar o sistema. Se tivermos espaço de manobra, utilizaremos os meios que tivermos ao alcance”, disse.
O autarca referiu estar em causa “um processo de transição complexo”, no qual “os municípios receberam competências para as quais não estavam alerta ou preparados”.
“Isso criou aqui algumas inércias, pensando muitas vezes só no seu perímetro e esquecendo-se que tem de haver ligações inter-concelhias e inter-regionais que têm de funcionar”, indicou.
A 09 de janeiro, a CIM do Alto Minho solicitou uma reunião de trabalho técnico à AMP para avaliar ajustamentos de tarifário e soluções complementares do transporte rodoviário entre Viana do Castelo e o Porto.
Na ocasião, aquela entidade, que agrega os 10 concelhos do distrito de Viana do Castelo, explica que a situação se deve ao “novo modelo implementado pelas Autoridades de Transportes envolvidas (AMP, CIM Cávado e CIM Alto Minho/município de Viana do Castelo)”, no âmbito do qual “foi atribuída uma solução de redução tarifária pelo município de Viana do Castelo para apoiar os utilizadores que, por diversos motivos de viagem, efetuam movimentos pendulares de Viana do Castelo para o Porto”.
“No entanto, extinta a referida carreira pública, os serviços de transporte de passageiros Expresso que, atualmente, estão no mercado liberalizado, não são financiáveis através do Programa de Apoio à Redução Tarifária”, apontou.