“A câmara, não é não querer, é não pode exercer um direito de preferência pós incêndio por um valor de quatro milhões de euros”, afirmou Rui Moreira.
O presidente da Câmara do Porto afirmou hoje que o município não pode exercer o direito de preferência para adquirir a casa onde nasceu Almeida Garrett pelo valor que os proprietários pedem de cerca de quatro milhões de euros.
“A câmara, não é não querer, é não pode exercer um direito de preferência pós incêndio por um valor de quatro milhões de euros”, afirmou Rui Moreira durante a reunião do executivo municipal.
Questionado pela vereadora da Ilda Figueiredo, da CDU, se a câmara pretendia reverter a alegada intenção de ali se construir um hotel, o autarca esclareceu que depois de, em março de 2019, ser aprovada a proposta da CDU para tentar adquirir a casa e ali construir um polo do museu do Liberalismo, o município pediu uma avaliação externa.
“É obrigatório para exercermos o direito de preferência e essa avaliação foi de cerca de 1,5 milhões de euros. Portanto, a avaliação diz que era legítimo que a câmara exercesse o direito de preferência se a transação, quando fosse decidida, nos fosse colocada por um valor dessa natureza. Por aquilo que sabemos, neste momento, a transação que está a ser feita é por qualquer coisa como 3,5 ou quatro milhões de euros”, acrescentou o autarca.
Há cerca de uma semana, o Porto Canal avançava que a casa onde, a 04 de fevereiro de 1799, nasceu Almeida Garret foi colocada à venda pela imobiliária portuense Metro3.
“O lote, à venda por 3,8 milhões de euros, tem 1.616 metros quadrados de área útil e inclui dois edifícios”, indicava o Porto Canal, que contactou a imobiliária.
“Segundo a imobiliária, o lote já tem até projetos aprovados. “Tem PIP [Pedido de Informação Prévia] aprovado para edifício de apartamentos e comércio, com 13 frações, contando ainda com projeto de arquitetura para Hotel de Charme de 29 quartos e um restaurante, o que permite uma diversificação de abordagem para investimento”, refere.
Os edifícios, situados na zona da Vitória, foram adquiridos em 2017 e 2018 pela sociedade anónima Midfield – Imobiliária e Serviços, com sede na Avenida da Boavista, e detida pelos membros do conselho de administração da Teak Capital, um fundo de investimento da família Moreira da Silva, segundo o Porto Canal.
Em 27 de abril de 2019, a casa onde o escritor nasceu e viveu cinco anos foi consumida pelas chamas de um incêndio que deflagrou durante a madrugada.