Tiago Mayan renunciou ao cargo de presidente da UF de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde a 07 de novembro, tendo o Ministério Público (MP) já aberto um inquérito à sua atuação.
A Assembleia da União de Freguesias da Foz do Porto aprovou, por unanimidade, requerer uma auditoria à Inspeção-Geral de Finanças aos atos administrativos e financeiros praticados desde o início de mandato e até à renúncia de Tiago Mayan.
O requerimento, apresentado pelo Partido Socialista (PS), foi aprovado por unanimidade na sessão extraordinária da Assembleia da União de Freguesias (UF) de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde.
Pelo PS, Orlanda Santos considerou que os atos de “enorme gravidade” praticados por Mayan, que assumiu ter falsificado assinaturas do júri do Fundo de Apoio ao Associativismo Portuense, reforçam a necessidade de se “apurar responsabilidades administrativas e financeiras”.
“É fundamental garantir a transparência”, assinalou, apelando a que o requerimento seja enviado à Inspeção-Geral de Finanças (IGF) “com a maior brevidade”.
Tiago Mayan renunciou ao cargo de presidente da UF de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde a 07 de novembro, tendo o Ministério Público (MP) já aberto um inquérito à sua atuação.
O lugar de Tiago Mayan na presidência da junta foi ocupado pela número dois no executivo, Ana Furtado, que já tinha ocupado, entre maio e outubro de 2021, o lugar na sequência da morte do então presidente Nuno Ortigão, em abril desse ano.
Ana Furtado assegurou hoje ser com “elevado sentido de responsabilidade” que volta a assumir a UF e que a equipa que a acompanha “se empenhará com lealdade”, apesar da difícil missão de recuperar “não só a credibilidade”, mas o “dinamismo e motivação dos colaboradores”.
Aos deputados, Ana Furtado avançou que “será executada a curto prazo uma auditoria” e que alguns documentos já estão a ser analisados por uma sociedade de Revisores Oficiais de Contas (ROC).
Durante a sessão foi também aprovado, com a abstenção da CDU e voto contra do BE, o relatório final do júri do Fundo de Apoio ao Associativismo Portuense.
O deputado João Barros, da CDU, levantou algumas dúvidas sobre o documento em análise, considerando que o mesmo se tratava de “uma fotocópia” do anterior documento que continha as assinaturas forjadas por Tiago Mayan.
“Não consigo ver o interesse de alguém em falsificar uma coisa quando o relatório final é exatamente igual”, observou.
Já Rui Nóvoa, do BE, justificou o voto contra com a falta de documentação disponibilizada pelo executivo e solicitada a 11 de novembro pelo partido.
“Não estão asseguradas as condições de transparência necessárias para a aprovação do relatório”, assinalou, dizendo que gostaria de ver “alguma responsabilidade do executivo”.
“Custa-me e custará a todos que o sr. presidente dispunha de carta branca, ninguém era tido nem achado. É importante para todos que a esta situação fique clara, que não fiquem suspeitas”, notou.
Pelo movimento independente “Aqui Há Porto”, Michael Seufert lamentou o sucedido, destacando que a “confiança foi abalada de uma forma profunda” com o ato de Tiago Mayan.
“Conto com a experiência da presidente e boa gestão que fez anteriormente para que também haja uma forma de trabalhar que permita que as coisas estejam mais bem instruídas, transparentes e dentro dos prazos”, referiu, dizendo manter a confiança no executivo, mas alertando que “não há muito espaço para falhas e quebras de confiança”.
Tiago Mayan foi eleito, em setembro de 2021, presidente da junta com 36,92% dos votos, pelo movimento independente “Rui Moreira: Aqui Há Porto”, apoiado pela IL, CDS, Nós Cidadãos e MAIS.
Pelo movimento independente foram eleitos para o executivo da junta Ana Furtado, José Ramos, Laura Lages Brito e Germano Castro Pinheiro. O executivo é ainda composto pelos social-democratas Tiago Lourenço e Cláudia Bravo.
A sessão previa a nomeação de um novo membro para ocupar a vaga de vogal no executivo da UF, tendo a presidente proposto a nomeação de Maria Benedita de Mattos Chaves Pinheiro Torres.
Com oito votos a favor e 11 contra, a eleição não foi aprovada, tendo a sessão sido interrompida e a votação adiada para uma nova sessão face à falta de consenso.