Nesse sentido, a U.Porto vai coordenar um consórcio de prescrição cultural cujo principal objetivo passa por implementar um programa na região Norte assente em três eixos: formação, ação e investigação.
A Universidade do Porto (U.Porto) vai coordenar um projeto que, reunindo entidades culturais da região Norte, pretende formar estudantes e profissionais na área da prescrição cultural, bem como desenvolver evidência científica sobre o seu impacto, foi hoje revelado.
A um dia do arranque do 1.º Encontro Nacional Prescrição Cultural, a vice-reitora da U.Porto para a Cultura e Museus, Fátima Vieira, afirmou à Lusa que o projeto está a ser pensado há cerca de dois anos, na sequência de uma conferência da Aliança Universitária Europeia para a Saúde Global (EUGLOH).
Apesar de no país existirem projetos pontuais dedicados à prescrição cultural – processo de encaminhamento de utentes, por profissionais de saúde, para ofertas artísticas e culturais -, a equipa da U.Porto entendeu que faria sentido avançar com um projeto “de maior escala”, envolvendo equipas multidisciplinares e diferentes instituições.
Nesse sentido, a U.Porto vai coordenar um consórcio de prescrição cultural cujo principal objetivo passa por implementar um programa na região Norte assente em três eixos: formação, ação e investigação.
“Falámos com os colegas da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação e a nossa primeira iniciativa foi criar uma nova unidade curricular chamada prescrição cultural, que é vocacionada sobretudo para estudantes de medicina e psicologia, mas também mediadores culturais e artistas”, explicou Fátima Vieira.
Apesar de vocacionada para estes estudantes, a nova unidade curricular é aberta a todos os estudantes de licenciatura, mestrado e doutoramento, estando disponível no próximo ano letivo.
Além da aposta na “intervenção precoce” dos estudantes, o programa pretende também formar cerca de 100 médicos e psicólogos em exercício, bem como mediadores culturais e artistas.
No eixo da ação, o projeto irá apoiar a implementação de atividades de prescrição cultural, monitorizar as respetivas atividades e oferecer serviços de consultadoria junto dos parceiros no consórcio, mas também a outras organizações.
“Gostávamos de dar prioridade ao trabalho com autarquias”, avançou a vice-reitora.
O projeto conta com a colaboração do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto, o Museu Nacional Soares dos Reis, o Museu do Abade de Baçal, em Bragança, a Fundação de Mateus, em Vila Real, e o Museu de Alberto Sampaio, em Guimarães, assim como a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte.
“Acrescentamos um terceiro eixo ao projeto que é o da investigação, que será feito através do nosso centro de psicologia da U.Porto e que vai monitorizar todas as ações, mas mais importante ainda [é que] vai definir instrumentos para a medição de impacto, isto porque há muita literacia a dizer que a arte faz bem à saúde, mas não há um instrumento consensualmente definido”, referiu.
A investigação a desenvolver no âmbito deste projeto será articulada com outras universidades internacionais, estando já envolvidas duas universidades brasileiras, de São Paulo e do Rio de Janeiro, bem como universidades da Suécia, Espanha, França e Sérvia, que são parceiras da U.Porto no âmbito do EUGLOH.
O objetivo, salientou Fátima Vieira, é “produzir evidência científica de que realmente a arte e a cultura têm um impacto positivo na saúde”, culminando, posteriormente, na criação de manuais de boas práticas e plataformas que possibilitem que outras instituições usufruam dos resultados deste projeto-piloto.
O projeto de prescrição cultural coordenado pela U.Porto vai ser anunciado no 1.º Encontro Nacional Prescrição Cultural que decorre na sexta-feira e no sábado no Salão Nobre da Reitoria da U.Porto e no Museu Nacional Soares dos Reis.
O encontro vai reunir profissionais de saúde e de mediação cultural, a comunidade académica e a sociedade civil para uma reflexão sobre a arte e a saúde, estando também prevista a apresentação de programas que foram implementados em Portugal e na Suécia.