O projeto, liderado pela Universidade do Porto e pela Cleanwatts, pretende “acelerar a inovação de ferramentas digitais e melhorar a adoção de serviços digitais no mercado da energia”.
A Universidade do Porto (U.Porto) coordena um projeto europeu que, financiado em 3,9 milhões de euros, pretende melhorar a interação dos consumidores com o mercado de energia, simplificando os processos através de Inteligência Artificial, foi hoje revelado.
Em comunicado, o gabinete de comunicação do projeto, intitulado EU-DREAM, esclarece que o intuito é “aumentar o envolvimento dos consumidores no mercado de energia”.
“Quase 80% dos europeus não participam na transição energética, principalmente por falta de conhecimento sobre como faze-lo”, destaca.
O projeto, liderado pela Universidade do Porto e pela Cleanwatts, pretende “acelerar a inovação de ferramentas digitais e melhorar a adoção de serviços digitais no mercado da energia”.
Com um orçamento total de 4,5 milhões de euros, 3,9 milhões dos quais financiados pela Comissão Europeia, o projeto envolve 16 instituições europeias do setor da energia.
O objetivo é melhorar a interação dos consumidores com o mercado de energia, simplificando os processos de gestão, através da introdução de um assistente baseado em Inteligência Artificial (IA) e de um intermediário de Processamento de Linguagem Natural (PLN).
Citado no comunicado, o coordenador do projeto e professor catedrático da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), João Catalão, salienta que as ferramentas a serem desenvolvidas irão tornar a gestão de energia “acessível e compreensível”.
“O assistente baseado em IA atuará como um consultor de energia para os utilizadores, otimizando as configurações de energia de acordo com as preferências individuais, enquanto o intermediário de PLN comunicará recorrendo a linguagem mais acessível ao utilizador comum”, esclarece.
A par do assistente e do intermediário, será criado um “digital twin”, isto é, uma réplica digital das residências, tendo por base dados em tempo real, o que permitirá uma “monitorização precisa” e uma “otimização do uso da energia”.
Estas réplicas residenciais serão, posteriormente, integradas em réplicas comunitárias mais amplas, “fornecendo informação imprescindível para novos desenhos de mercado e modelos de negocio orientados para o consumidor”.
Ao longo dos próximos três anos e meio vão ser testados, desenvolvidos e demonstrados serviços, soluções e produtos de energia “da próxima geração” em seis laboratórios europeus: Portugal, Bélgica, Itália, Irlanda, Grécia e Dinamarca.
Cada laboratório irá focar-se em diferentes aspetos, sendo que na Bélgica o laboratório irá trabalhar na pobreza energética e impacto sobre os consumidores mais vulneráveis, enquanto em Itália será tratada a flexibilidade e a interoperabilidade energética em ambiente residencial.
A capacitação dos consumidores para a gestão de energia, os serviços de energia inteligentes e as micro-redes residenciais serão o foco dos laboratórios da Irlanda, Grécia e Dinamarca, respetivamente.
Já o laboratório português debruçar-se-á sobre as comunidades de energia renovável em ambiente residencial urbano, envolvendo os utilizadores através de ferramentas de linguagem.
Constituído por cinco comunidades de energia em Coimbra, que envolvem 40 residências, o laboratório irá “explorar novas abordagens para interagir com os utilizadores por meio de uma plataforma digital”, esclarece, também citado no comunicado, José Luis Malaquias, especialista de inovação da Cleanwatts.
“Essas iniciativas irão melhorar as ofertas de flexibilidade e otimizar o uso de energia, promovendo uma maior adesão dos utilizadores que, ao aumentarem a utilização de formas de energia renovável, abrirão caminho a um futuro mais sustentável”, acrescenta.