Os trabalhadores não receberam o salário de dezembro, nem o subsídio de Natal que, segundo a administração, será pago em duodécimos durante este ano, o que viola a lei.
Os trabalhadores do Global Media Group (GMG) estão hoje em greve, no mesmo dia em que termina o prazo de adesão às rescisões voluntárias, para mostrar repúdio pela intenção de despedir até 200 profissionais e pela defesa do jornalismo.
O protesto foi convocado pelo Sindicato dos Jornalistas (SJ), pelo Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Norte (SITE-Norte) e pelo Sindicato dos Trabalhadores de Telecomunicações e Comunicação Audiovisual (STT), abrangendo todos os trabalhadores, independentemente da função.
“Os sindicatos acreditam que será uma grande manifestação da vontade de mostrar à Comissão Executiva e aos acionistas do GMG total repúdio pela intenção de dispensar 200 trabalhadores e os efeitos que estes cortes cegos e brutos vão repercutir no Diário de Notícias, n”O Jogo, no Dinheiro Vivo, nas várias revistas, na Naveprinter e em todas as áreas e empresas do grupo”, referiram em comunicado as estruturas sindicais.
Em 06 de dezembro, em comunicado interno, a Comissão Executiva do GMG, liderada por José Paulo Fafe, anunciou que iria negociar com caráter de urgência rescisões com 150 a 200 trabalhadores e avançar com uma reestruturação que disse ser necessária para evitar “a mais do que previsível falência do grupo”.
Os trabalhadores não receberam o salário de dezembro, nem o subsídio de Natal que, segundo a administração, será pago em duodécimos durante este ano, o que viola a lei.
O grupo anunciou também o fim das prestações de serviços a partir de janeiro, num aviso com poucas horas de antecedência.
“Enquanto a “comissão executora” contrata dezenas de consultores, assessores e diretores, com vencimentos bem superiores à média no grupo, aumentando os custos da empresa em mais de dois milhões de euros”, apontaram os sindicatos, “dizem que a empresa não sobrevive se não despedirem aqueles que o CEO [presidente executivo] não entende “como conseguem viver com 800 euros por mês””.
Para os trabalhadores, a postura da administração representa o “total desrespeito pelas pessoas que há anos mantêm vivas as várias empresas do grupo, com salários do século passado”.
Desta forma, no Porto, os trabalhadores concentram-se a partir das 09:30, junto à atual sede do Jornal de Notícias, e, a partir das 14:00, junto à histórica e simbólica sede do JN, coincidindo este momento com uma hora de solidariedade proposta pelo SJ a todos os jornalistas do país, para “demonstrar a importância do jornalismo na sociedade”.
De seguida, os trabalhadores seguem para a praça General Humberto Delgado, onde se vão concentrar em frente ao edifício da Câmara Municipal do Porto.
Já em Lisboa, os trabalhadores concentram-se a partir das 09:00 na escadaria da Assembleia da República, enquanto o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, com a tutela da Comunicação Social, presta esclarecimentos na Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, a partir das 10:00.
Após a saída do ministro, jornalistas, técnicos e demais trabalhadores deslocam-se para as Torres de Lisboa para se concentrarem e manifestarem, a partir das 14:00, junto à sede do GMG.