Sánchez vai abordar com Montenegro reconhecimento da Palestina

Sánchez vai iniciar estes contactos com viagens à Noruega e à Irlanda, na próxima sexta-feira, seguindo-se o encontro com Luís Montenegro na segunda-feira, em Madrid.

Abril 9, 2024

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, vai abordar na próxima semana com o homólogo português, Luís Montenegro, a situação em Gaza e o reconhecimento do Estado da Palestina, anunciou hoje o Governo de Madrid.

“Esta semana, o presidente do Governo inicia uma série de viagens, encontros e contactos com líderes europeus para partilhar a sua preocupação pela situação de Gaza e a necessidade de impulsionar o reconhecimento da Palestina como Estado”, disse a ministra porta-voz do Governo de Espanha, Pilar Alegria, numa conferência de imprensa em Madrid.

Sánchez vai iniciar estes contactos com viagens à Noruega e à Irlanda, na próxima sexta-feira, seguindo-se o encontro com Luís Montenegro na segunda-feira, em Madrid, disse a ministra.

Depois, na terça-feira, o primeiro-ministro espanhol viajará até à Eslovénia e vai reunir-se com o homólogo da Bélgica, Alexander de Croo, antes do início do Conselho Europeu informal da próxima semana, em Bruxelas.

“O nosso objetivo é claro, é impulsionar o reconhecimento da Palestina como Estado”, realçou Pilar Alegria, que destacou que o conflito em Gaza, que opõe Israel ao grupo islamita radical Hamas, está “num momento chave” e “a ser abordado pelas Nações Unidas”.

“O que queremos é travar o desastre humanitário em Gaza e contribuir para o início quanto antes de um processo político de paz que leve à materialização da solução dos dois Estados [Israel e Palestina]”, acrescentou a porta-voz do Governo espanhol, uma coligação de esquerda liderada pelo partido socialista (PSOE).

Sánchez é um dos líderes europeus que mais tem insistido no reconhecimento da Palestina como Estado e disse que Espanha o fará até julho.

Na semana passada esteve também na Jordânia, Arábia Saudita e Qatar para abordar este tema e a situação no Médio Oriente com “atores chave do mundo árabe e explorar assim vias adicionais para pacificar a região”, nas palavras de hoje da porta-voz do Governo espanhol.

No final da visita, no Qatar, Pedro Sánchez disse que a União Europeia tem de ter um papel ativo na procura da paz no Médio Oriente e deve, para isso, construir pontes com países árabes.

Antes, no final de março, assinou com outros três primeiros-ministros europeus (da Irlanda, Eslovénia e Malta) uma declaração a comprometer-se com o reconhecimento do Estado da Palestina.

Sánchez vai abordar este tema com o novo primeiro-ministro português naquela que será a primeira deslocação ao estrangeiro de Luís Montenegro como chefe do Governo, como foi anunciado na semana passada.

Atualmente nove Estados-Membros da UE reconhecem a Palestina: Bulgária, Chipre, República Checa, Hungria, Malta, Polónia, Roménia e Eslováquia deram o passo em 1988, antes de aderirem à UE, enquanto a Suécia o fez sozinha em 2014, cumprindo uma promessa eleitoral dos sociais-democratas.

No caso de Portugal, em dezembro de 2014, o parlamento aprovou, com os votos do PSD, PS e CDS-PP, um projeto de resolução instando o executivo a “reconhecer, em coordenação com a União Europeia, o Estado da Palestina como um Estado independente e soberano, de acordo com os princípios estabelecidos pelo direito internacional”.

O Governo anterior, liderado pelo PS, defendia que para Portugal, o reconhecimento do Estado da Palestina “é algo que deve acontecer”, mas em coordenação com “alguns parceiros próximos” e num “momento com consequência para a paz”, como disse à Lusa, em novembro, o então ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho.

A guerra entre Israel e o Hamas foi desencadeada por um ataque do grupo extremista palestiniano em solo israelita, em 07 de outubro, que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns.

Desde então, Israel lançou uma ofensiva militar na Faixa de Gaza que provocou mais de 33.200 mortos e a destruição de grande parte das infraestruturas.

O Hamas, que controla Gaza desde 2007, é considerado organização terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia.

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