O secretário-geral da Confagri, Nuno Serra defendeu que os agricultores “merecem outro tipo de abordagem”.
O secretário-geral da Confagri, Nuno Serra, considerou hoje que a reunião com a ministra da Agricultura foi “dececionante” por se resumir ao pacote de 150 milhões de euros em 2024 para “corrigir” um “conjunto de erros”.
Nuno Serra falava à Lusa após a reunião desta segunda-feira entre a ministra da Agricultura e as confederações do setor, nomeadamente a Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal (Confagri).
“A reunião foi um pouco dececionante, porque na realidade o que trouxemos de lá não garante aquilo que os agricultores querem”, afirmou o responsável da Confagri, indicando que o que foi adiantado neste encontro com Maria do Céu Antunes, é que “havia um pacote que se resume a 150 milhões no ano de 2024, para corrigir um conjunto de erros feitos durante este ano”.
O agricultores “merecem outro tipo de abordagem”, disse, reiterando a necessidade de uma “reformulação” das políticas públicas, “em especial no PEPAC [Plano Estratégico da Política Agrícola Comum]” que “lhes consiga garantir rendimento, estabilidade e previsibilidade para o seu trabalho ao longo dos anos”.
Neste contexto, afirmou, não é com a entrega de 150 milhões em 2024 que se resolvem os problemas, porque tal não resolve a “falta de previsibilidade” e de “noção daquilo que serão os rendimentos do setor durante os próximos anos”.
Salientando não saber se os protestos dos agricultores se vão manter, Nuno Serra afirmou que a Confagri estará solidária “com qualquer tipo de manifestação”.
“Estamos [solidários], porque efetivamente não é com estas medidas que se muda aquilo que é o sentimento generalizado de agricultura em Portugal. É preciso muito mais do que 150 milhões no envelope de 2024. É preciso mudar muito mais naquilo que são as políticas, quer do PEPAC, quer políticas nacionais, relativamente ao setor”, afirmou o secretário-geral da Confagri.
Nuno Serra adiantou que após esta reunião a Confagri vai ser convocada para outra reunião de trabalho, onde irá apresentar as suas propostas de medidas estruturais. Essa nova reunião acontecerá “nestes próximos dias”, mas não tem ainda data, disse.
O Governo avançou com um pacote de ajuda de mais de 400 milhões de euros destinados a mitigar o impacto provocado pela seca e a reforçar o Plano Estratégico da Política Agrícola Comum, garantindo que a maior parte das medidas entra em vigor este mês, com exceção das que estão dependentes de “luz verde” de Bruxelas.
A Comissão Europeia vai preparar uma proposta para a redução de encargos administrativos dos agricultores, que será debatida pelos 27 Estados-membros em 26 de fevereiro.
Os protestos dos agricultores portugueses são organizados pelo Movimento Civil de Agricultores, que se juntou às manifestações que têm ocorrido em outros países europeus, incluindo França, Grécia, Itália, Bélgica, Alemanha e Espanha.