Segundo Carlos Pereira, é preciso “uma clarificação” e que o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento vá ao parlamento “justificar estas diferenças, estas opções e estas previsões”.
O PS pediu hoje um debate de urgência para que o ministro das Finanças explique no parlamento “as diferenças” entre o cenário macroeconómico da campanha, que consideram “empolado de propaganda”, e o plano de médio prazo enviado para Bruxelas.
Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, o deputado do PS Carlos Pereira referiu que os socialistas já tinham “desconfiado que havia problemas nas previsões e nas contas públicas deste Governo” quando foi conhecida a proposta do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), “comparando com aquilo que foi o programa eleitoral da AD” nas eleições, sobretudo no que diz respeito ao cenário macroeconómico.
“Primeiro vimos o orçamento e ficámos com dúvidas sobre essa matéria, mas depois, com a apresentação do plano de médio prazo para Bruxelas, ficamos com certeza que o programa eleitoral da AD estava encharcado de propaganda. Eu diria mesmo empolado de propaganda”, acusou.
Segundo Carlos Pereira, é preciso “uma clarificação” e que o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento – que “fez parte também da equipa de economistas que construiu o cenário macroeconómico do Governo na altura da campanha” — vá ao parlamento “justificar estas diferenças, estas opções e estas previsões”.
“Do nosso ponto de vista, merecem explicações porque são de certa forma inconsistentes e, por isso, vamos propor um debate de urgência na Assembleia da República, na altura em que é possível fazê-lo, que é só na próxima semana, dia 25”, anunciou.
Este debate, segundo o PS, deverá assim acontecer antes da votação do OE2025 na generalidade, considerando que esta é “uma matéria absolutamente urgente”.
O deputado socialista apontou dois aspetos em que identifica estas diferenças, o primeiro dos quais o crescimento económico.
“Vimos que no cenário macroeconómico previa um aumento do PIB médio de quase 3 pontos percentuais, estamos a falar de 2,9%, e que agora, quando se olha para o plano de médio prazo apresentado a Bruxelas, esse crescimento económico não chega aos 2%, é 1,9%”, apontou.
Esta diferença, segundo Carlos Pereira, é significativa e demonstra aquilo que os socialistas tinham dito em campanha eleitoral, ou seja, que “o cenário macroeconómico da campanha eleitoral não era credível”.
“O PSD faz aquilo que fez sempre: diz em Bruxelas o que não diz em Portugal”, acusou, referindo-se ao que aconteceu no período da “troika” em relação às pensões.
O outro aspeto é sobre os salários, em que, segundo o PS, há “um problema semelhante”, acusando o Governo de prever “uma trajetória de crescimento bastante inferior do que aquela que acordou com a concertação social”.
“Isto é grave, porque isto de alguma maneira descredibiliza o Governo, descredibiliza o país no quadro europeu e obviamente, deve deixar-nos todos assustados de alguma maneira”, defendeu.