A última crítica foi para a “clara falta de ambição na economia” que, segundo a dirigente do PS, foi demonstrada pelo Governo neste orçamento.
A líder parlamentar do PS apontou hoje “uma total ausência” das três propostas que os socialistas fizeram ao Governo para o Orçamento do Estado, insistindo que sem acordo com o executivo o partido vai decidir “a seu tempo” o voto.
Numa primeira reação à proposta de Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), que hoje foi entregue pelo Governo PSD/CDS-PP no parlamento, Alexandra Leitão referiu que se fosse feito pelo PS este seria “um orçamento completamente diferente”, sendo agora necessário fazer uma “análise em profundidade”.
“Não há acordo com o Governo e a partir daqui vamos analisar e decidir a seu tempo”, disse.
A líder parlamentar do PS destacou quatro pontos negativos desta primeira análise rápida feita pelos socialistas, clarificando que não são linhas vermelhas, mas sim aspetos que o partido considera maus.
A primeira crítica foi para a “total ausência de qualquer uma das propostas que o PS tinha feito” ao Governo durante as negociações, que eram o aumento extra das pensões mais baixas, Fundo para a habitação para a classe média e alojamento estudantil e exclusividade “voluntária e bem remunerada” para médicos do SNS.
Alexandra Leitão avisou ainda para o facto de o relatório “prever uma vaga de privatizações”, apesar de não ser referida a palavra, condenando a ainda a majoração fiscal prevista para as empresas que paguem seguros de saúde aos trabalhadores naquilo que considerou er uma “transferência direta do SNS para os privados”.
A última crítica foi para a “clara falta de ambição na economia” que, segundo a dirigente do PS, foi demonstrada pelo Governo neste orçamento.
“Este orçamento não tem o acordo do PS e o PS, depois de uma análise profunda, em parceria com o programa de médio prazo, fará a definição a seu tempo” do seu voto”, respondeu aos jornalistas.
De acordo com Alexandra Leitão, as críticas nestes quatro aspetos não permitem tirar a conclusão de que estas são novas linhas vermelhas do PS, reiterando que se o partido apresentou as três prioridades ao Governo durante as negociações era porque gostaria de as ver plasmadas no orçamento.
Sobre a decisão que foi conhecida, ainda antes da entrega do orçamento, de que o Governo ia vai retirar do parlamento as propostas de lei relativas ao IRS Jovem e à descida do IRC num “sinal de boa vontade” para as negociações, a líder parlamentar do PS disse não perceber “essa referência a uma espécie de boa vontade” do executivo.
“A partir do momento em que a proposta do IRS Jovem não é a mesma, aquelas propostas não se podiam manter. Não é boa nem má vontade. É uma decorrência lógica”, desvalorizou.
O apelo à responsabilidade aos partidos da oposição feito pelo ministro das Finanças, segundo Alexandra Leitão, “é bastante desnecessário para o PS”, uma vez que o partido fez uma governação responsável orçamental e “não porá esse equilíbrio em causa”.
Já sobre a divisão dentro do PS em relação ao sentido de voto no OE2025, a líder do PS voltou a desvalorizar esta ideia uma vez que garantiu que o partido é plural, mas está unido, mas aproveitou a pergunta para criticar as recentes declarações de Luís Montenegro sobre os jornalistas.
“A questão da divisão percebo que em termos de comunicação social seja interessante. Eu gosto muito de jornalistas inquietos, acho que fazem muito bem à democracia”, afirmou.
O Governo entregou hoje no parlamento a proposta de Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), que prevê que a economia cresça 1,8% em 2024 e 2,1% em 2025 e um excedente de 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano e de 0,3% no próximo.
A proposta ainda não tem assegurada a sua viabilização na generalidade e a votação está marcada para o próximo dia 31, no parlamento.