A contestação dos elementos da PSP, juntamente com os militares da GNR, teve início após o Governo ter aprovado em 29 de novembro o pagamento de um suplemento de missão para as carreiras da PJ.
O protesto dos agentes da PSP está a aumentar em número e a chegar a mais zonas do país, adiantaram à Lusa fontes sindicais, frisando que não há certezas sobre quando irá terminar.
Este movimento inorgânico que surgiu dentro da PSP contra o suplemento de missão atribuído pelo Governo apenas à Polícia Judiciária juntava hoje à noite mais elementos, quer da PSP, da GNR e da guarda prisional, em comparação com a noite de segunda-feira, apontaram os sindicatos.
Presente no protesto em frente à Assembleia da República, em Lisboa, o presidente do Sindicato Nacional da Polícia, Armando Ferreira, salientou à Lusa que estavam hoje “muitas mais pessoas” e que “continuavam a chegar”.
Já na cidade do Porto, em frente à Câmara Municipal, o presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP), Paulo Santos, referiu que estavam hoje à noite cerca de 300 pessoas, apontando para “milhares em todo o país”.
Os sindicalistas sublinharam que estavam a ocorrer hoje protestos em localidades como Castelo Branco, Viseu, Vila Real, Leiria, Santarém, Guarda, Horta ou Ponta Delgada.
Sobre a dimensão dos protestos, por melhores condições salariais e de trabalho, Paulo Santos destacou que estão a ter uma “adesão bastante relevante”.
“Esta mensagem forte já levou a que os vários partidos políticos tenham comentado esta situação. Ou seja, está-se a fazer aquilo que nós há muito pretendíamos, que era que a segurança interna e os problemas da PSP e da GNR, dos seus profissionais, fosse debatido e parece-me que agora é o momento certo para continuarmos a investir nesta luta”, vincou.
Também Armando Ferreira realçou que não serão os sindicatos a indicarem um “ponto final” dos protestos: “Temos a certeza absoluta que começou no domingo, mão temos a certeza absoluta quando é que vai acabar”.
O líder Sindicato Nacional da Polícia salientou ainda que “só uma pessoa pode ter a certeza absoluta de quando acaba” o protesto, apontando que se o primeiro-ministro António Costa pretender, o movimento termina.
“É valorizar os profissionais da Polícia de Segurança Pública da mesma forma como valorizou os profissionais da Polícia Judiciária”, atirou.
Desde o final da tarde de segunda-feira que vários carros de patrulha da PSP, principalmente no Comando Metropolitano de Lisboa (Cometlis), estão parados, alegando os polícias que estão inoperacionais e com várias avarias.
O diretor da PSP indicou hoje que está a ser feita uma avaliação dos carros da PSP que estão inoperacionais e que o comando de Lisboa poderá ser reforçado com viaturas de outros locais.
A contestação dos elementos da PSP, juntamente com os militares da GNR, teve início após o Governo ter aprovado em 29 de novembro o pagamento de um suplemento de missão para as carreiras da PJ, que, em alguns casos, pode representar um aumento de quase 700 euros por mês.
Os elementos da PSP e da GNR consideram tratar-se de um “tratamento desigual e discriminatório”.
Estes protestos surgiram de forma espontânea e não foram organizados por qualquer sindicato, apesar de existir uma plataforma, composta por sete sindicatos da Polícia de Segurança Pública e quatro associações da Guarda Nacional Republicana, criada para exigir a revisão dos suplementos remuneratórios nas forças de segurança.
Na sexta-feira, esta plataforma decidiu cortar totalmente as relações com o Ministério da Administração Interna pela falta de interesse, apatia e resistência à consagração de direitos dos profissionais da PSP e GNR.