Esta visita, que não constava da agenda do chefe de Estado transmitida à comunicação social, foi divulgada posteriormente, através de uma nota na página da Presidência da República.
O Presidente da República negou hoje que a ausência do Governo no terreno, na sequência dos distúrbios em vários bairros dos arredores de Lisboa, tenha sido combinada com o primeiro-ministro, esclarecendo que apenas comunicou a sua visita.
“Não combinou coisa nenhuma. O primeiro-ministro recebeu a minha comunicação, eu perguntei-lhe se se opunha e ele disse que não se opunha, não tinha nenhuma objeção e iria ponderar em função do trabalho do Governo naquele domínio”, esclareceu, questionado sobre a notícia da TSF segundo a qual o Presidente da República e o Governo decidiram conjuntamente que seria Marcelo Rebelo Sousa a visitar os bairros do Zambujal e da Cova da Moura, na Amadora, na sequência da morte de Odair Moniz.
O Presidente da República esteve na sexta-feira no bairro do Zambujal, na Amadora, onde visitou a esquadra da PSP e conversou com familiares de Odair Moniz, baleado mortalmente por um polícia na madrugada de 21 de outubro, no Bairro da Cova da Moura.
Esta visita, que não constava da agenda do chefe de Estado transmitida à comunicação social, foi divulgada posteriormente, através de uma nota na página da Presidência da República.
Na segunda-feira, o líder do PS, Pedro Nuno Santos, acusou o Governo de se “esconder atrás do Presidente da República” para justificar a ausência de visitas aos bairros onde houve desacatos.
Para o secretário-geral do PS, “o Governo não se pode esconder atrás de um Presidente da República”. Apesar de valorizar a visita de Marcelo Rebelo de Sousa, Pedro Nuno defendeu que é “importante também que o Governo assuma as suas responsabilidades”.
Em declarações aos jornalistas à margem da sessão de encerramento do VI Encontro de Cuidadores Informais, em Grijó, Vila Nova de Gaia (distrito do Porto), o chefe de Estado explicou que a sua ideia “ao não ir com um membro do Governo era estar à vontade para ouvir”, até porque, sublinhou, não tem poder executivo.
“Eu não apareci mais cedo porque havia as manifestações, depois havia o funeral, depois havia uma vigília e depois eu entendi que só depois disso tudo e depois do Governo tomar uma iniciativa, é que eu estaria em condições de aparecer. Mas respeito que o Governo entende que há de haver uma ocasião melhor para em conjunto com os autarcas, aparecer. É uma decisão do Governo, não é uma decisão do presidente”, declarou, perante a insistência dos jornalistas.
Lembrando que o Governo liderado por Luís Montenegro convocou as associações para uma reunião, o presidente da República considera que, ao contrário da Oposição, “o Governo não possa ir aos bairros sem levar alguma ideia” ou não assumir compromissos concretos.
O chefe de Estado adiantou ainda que a vai receber o líder do Chega na quarta-feira às 11:00.
No sábado, na sequência de visitas do Presidente da República aos bairros do Zambujal e da Cova da Moura, onde residia e onde morreu Odair Moniz baleado pela polícia, o presidente do Chega considerou que Marcelo Rebelo de Sousa teve uma “atuação lamentável” e anunciou a intenção de lhe ir entregar um “protesto formal” ao Palácio de Belém.