Eduardo Oliveira e Sousa, antigo presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), considerou que Portugal tem perdido investimento por “falsas razões climáticas” e avisou que há agricultores que já falam em organizar milícias armadas perante “os roubos nos campos”.
O secretário-geral do PS acusou hoje a Aliança Democrática (AD) de ter entre os seus responsáveis negacionistas das alterações climáticas e de representar um projeto de regresso ao passado e de divisão entre os portugueses.
Pedro Nuno Santos falava aos jornalistas após ter visitado o Hospital da Cova da Beira, na Covilhã, referindo-se a declarações proferidas na quinta-feira à noite pelo cabeça de lista da AD por Santarém, Eduardo Oliveira e Sousa.
Eduardo Oliveira e Sousa, antigo presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), considerou que Portugal tem perdido investimento por “falsas razões climáticas” e avisou que há agricultores que já falam em organizar milícias armadas perante “os roubos nos campos”.
“Não podemos ignorar que do outro lado — o da AD — se apresenta um projeto que quer regressar ao passado e em cada dia de campanha nós vamos confirmando isso. É na campanha que os projetos e os candidatos se vão revelando”, começou por defender o líder socialista.
Pedro Nuno Santos apontou que o cabeça de lista da AD por Santarém e antigo presidente da CAP foi apresentado “como um grande especialista em agricultura”.
“Mas fez um discurso de negação das alterações climáticas. A emergência climática é uma realidade, não podemos Ignorá-la, atinge a agricultura e os agricultores em primeira linha. Os agricultores sofrem com as alterações climáticas”, assinalou o líder socialista.
O caso do cabeça de lista da AD por Santarém, de acordo com o secretário-geral do PS, “não constituiu um caso isolado” nesta campanha eleitoral.
“Dizem que têm grandes listas e grandes candidatos e depois dizem que não têm nada a ver com isso. Primeiro, tivemos um discurso divisionista [por parte do ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho] em relação às migrações. Depois, tivemos um discurso de regresso ao passado sobre a interrupção voluntária da gravidez e direitos das mulheres por parte do segundo nome do CDS e quarto na lista da AD por Lisboa”, Paulo Núncio, acusou Pedro Nuno Santos.
Ainda nesta campanha, na perspetiva do secretário-geral do PS, registou-se também da parte do cabeça de lista da AD por Santarém um discurso “de demonstração de insegurança” ao falar na organização de milícias armadas perante “os roubos nos campos”.
“Precisamos de unir o país, ter Portugal inteiro junto. Alarmismo e divisão é algo que não queremos na sociedade portuguesa. Queremos um país unido a avançar junto”, contrapôs.
Perante os jornalistas, Pedro Nuno Santos também criticou o presidente do PSD, Luís Montenegro, a propósito da questão da pobreza.
“Desde logo, vamos começar por 2002, desde o ano em que Durão Barroso foi primeiro-ministro, para percebermos em que governos o país ficou mais pobre e em que governos se conseguiu reduzir a pobreza”, acrescentou.
O secretário-geral do PS foi confrontado com as declarações proferidas pelo porta-voz do Livre Rui Tavares que admitiu entendimentos com forças da direita democrática após as legislativas para travar uma eventual influência do Chega, defendendo que a esquerda deve ter capacidade para “um diálogo com o centro e com a direita democrática em questões que têm a ver com a “saúde”” da democracia”.
Mas Pedro Nuno Santos recusou-se a comentar, alegando que “há diferentes projetos políticos” e recusando que haja “barafunda” entre os partidos da esquerda.
“Temos pela frente uma semana que é muito importante. Há resultados [da governação socialista] e não podemos deixar que se passe a ideia que há uma catástrofe” no país, afirmou, antes de voltar a referir-se à AD.
“A AD está a revelar-se em toda a sua plenitude. Temos de derrotar esses projetos do passado”, insistiu.
No Hospital da Cova da Beira, o secretário-geral do PS reuniu-se com o Conselho de Administração e visitou o departamento de imagiologia e angiografia, assim como a unidade de medicina reprodutiva.
Interrogado sobre a saúde reprodutiva em Portugal, Pedro Nuno Santos ficou algo comovido, considerando que a infertilidade “é um drama que muitos jovens casais enfrentam em Portugal”.
“O SNS tem de reforçar o seu investimento para ajudar os jovens casais que querem ter filhos. Esse é um dos dramas mais duros, porque se trata de um projeto de vida que é colocado em causa, sonhos que são postos em causa. Precisamos de mais investimento por parte do SNS nessa área muito importante para os jovens casais e para mim também”, declarou.
Já sobre a evolução do número de médicos de família prevista nos próximos anos em Portugal, o líder socialista apontou que se estima uma diminuição do número de aposentações, o que poderá permitir um aumento do número de médicos em atividade no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
“Isso é muito bom para o SNS, porque terá efeitos na capacidade de resposta. Mas não vamos criar falsas expectativas, temos de ser realistas “, acrescentou.