A primeira reunião — haverá nova ronda em setembro — serviu sobretudo, segundo André Ventura, para o partido apresentar as suas prioridades, tendo apontado quatro áreas fundamentais.
O presidente do Chega afirmou que o partido está com seriedade nas negociações do próximo Orçamento do Estado e disse ter sentido hoje “uma atitude positiva” do lado do Governo, mas avisou que “não pode jogar em dois tabuleiros”.
“A atitude do Governo pareceu-nos honestamente positiva, a nossa atitude foi positiva. Se o Governo tiver esta atitude, eu penso que temos caminho para andar. Se voltar à atitude parlamentar que tem tido, então não teremos caminho para andar”, declarou aos jornalistas André Ventura na residência oficial do primeiro-ministro, em São Bento, após uma reunião sobre o Orçamento do Estado com os ministros de Estado e das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, da Presidência, António Leitão Amaro, e dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte.
Pelo contrário, disse, “o Governo não pode querer estar a jogar nos dois tabuleiros”, referindo-se a uma eventual aproximação ao PS.
“Se o Orçamento for para seguir as mesmas linhas que o PS seguiu nos últimos anos e que Pedro Nuno Santos quer seguir, então é melhor dizerem-nos já e não há mais nada para conversar. Exigimos do Governo a igual lealdade e responsabilidade”, disse.
A primeira reunião — haverá nova ronda em setembro — serviu sobretudo, segundo André Ventura, para o partido apresentar as suas prioridades, tendo apontado quatro áreas fundamentais: o aumento do orçamento para o combate à corrupção e para a administração interna, várias medidas na área da fiscalidade (como apoios aos pequenos empresários e alargamento das deduções à coleta com saúde, habitação e educação) e mais apoios aos jovens, onde incluiu a isenção total do IMT na compra da primeira casa, independentemente da idade.
Na reunião, disse, o Chega transmitiu que “ou há um orçamento de combate à corrupção a sério ou o Chega não estará ao lado do Orçamento”, apontando como segunda área fundamental o reforço de verbas para a administração interna.
Na área da fiscalidade, o partido propôs um aumento das deduções à coleta com as despesas de saúde, habitação e educação e apoios aos pequenos empresários em matéria de arrendamento, segurança social e tributações autónomas.
Finalmente, o Chega saudou algumas “medidas pontuais” do Governo em matéria do IRS jovem, mas desafiou o executivo a retirar o limite de idade para a isenção de IMT na compra da primeira casa até um valor de 316 mil euros.
“Não estamos a criar artifícios de negociações, exigimos ao Governo que esteja seriamente nessa discussão e não com vontade de criar uma crise política”, disse.
André Ventura apontou a incerteza internacional, a necessidade de executar o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e de aumentar o investimento em defesa como motivos para que o Governo tente chegar a entendimentos.
“E não precipitar o país numa crise política no final do ano, que é indesejada pela maioria dos portugueses”, disse.
O Governo está hoje a reunir-se com os partidos com assento parlamentar sobre o Orçamento do Estado para 2025.
Estava inicialmente previsto que o primeiro-ministro marcasse presença nestas reuniões. No entanto, por razões de saúde, Luís Montenegro cancelou a presença em todos os eventos políticos até domingo.