Obra para tornar Quinta de Salgueiros no Porto em parque-laboratório arranca em 2026

Numa visita à quinta, que mantém, para já, as ruínas da casa e da capela, o vereador do Ambiente da Câmara do Porto, Filipe Araújo, afirmou que esta é “uma joia” da cidade que há muito o município ambicionava devolver à população.

Abril 16, 2025

A antiga Quinta de Salgueiros, que se estende por cerca de cinco hectares da freguesia de Campanhã, no Porto, vai transformar-se num parque-laboratório aberto à população, devendo a empreitada de reabilitação dos espaços verdes arrancar no próximo ano.

Também conhecida como Quinta dos Ingleses, a quinta, cujas origens remontam a 1744, é propriedade da autarquia há 25 anos e está classificada como Imóvel de Interesse Municipal desde 2011.

Fechada há vários anos, a quinta irá abrir portas à comunidade e transformar-se num parque-laboratório, no âmbito do projeto Porto BioLab.

O espaço, que se acredita ter sido residência do jardineiro paisagista Jacinto de Matos, mas também o seu local de trabalho e onde muitas espécies foram criadas para depois partir para os mais de 700 jardins que desenhou, como o Parque de São Roque ou o Palácio de São Bento, irá tornar-se num laboratório natural com bosques, prados e ribeiras.

Numa visita à quinta, que mantém, para já, as ruínas da casa e da capela, o vereador do Ambiente da Câmara do Porto, Filipe Araújo, afirmou que esta é “uma joia” da cidade que há muito o município ambicionava devolver à população.

Em torno da quinta, num raio de mil metros, residem cerca de 32 mil pessoas, e o espaço verde permitirá também “cerzir território”, ligando as populações da zona de Contumil e das Antas.

“Temos uma grande ferida aberta na cidade que se chama Via de Cintura Interna (VCI). O parque não vai acabar com a VCI, mas passa por debaixo e terá esta capacidade de conectar as duas zonas”, referiu Filipe Araújo.

O trabalho do município neste espaço arrancou há algum tempo e centrou-se, sobretudo, na consolidação das ruínas da casa e capela, na vedação da quinta e na preservação de outras infraestruturas, como uma fonte que foi retirada para que não se degradasse, mas que haverá de regressar à quinta.

Simultaneamente, foi realizado um “trabalho invisível” de retirar espécies infestantes de plantas e analisar a biodiversidade da quinta, tendo sido anilhadas 37 espécies e avistadas outras 30, o que demonstra “a grande biodiversidade de fauna e flora” que faz desta quinta “habitat”.

O processo levado a cabo pela autarquia tem vindo a ser documentado pelo artista Carlos Trancoso e o resultado será apresentado na Bienal de Fotografia do Porto, que decorre entre 15 de maio e 29 de junho na Casa do Infante.

Há cerca de um ano a visitar a quinta, Carlos Trancoso explorou, a partir da sua lente, a relação da comunidade com o espaço verde.

A exposição vai desenvolver-se em “três grandes momentos: uma parte de investigação, uma parte com imagens manipuladas e outra assente numa peça audiovisual”.

“Um espaço urbano é precisamente onde a natureza e o ser humano se cruzam e se encontram. Um parque urbano é uma ligação entre muitas pessoas, muitos especialistas e os quereres de muita gente”, assinalou o artista, acrescentando que os visitantes da exposição serão interpelados a imaginar aquilo que poderá vir a ser este espaço.

O projeto prévio, que inclui a criação de linhas de água e de bacias de retenção, está “praticamente finalizado”, prevendo o município lançar o concurso até ao final do ano e arrancar com a obra em 2026.

“Este espaço é aberto à população, mas também à comunidade científica, que pode usar o parque como um verdadeiro laboratório para testar soluções de adaptação às alterações climáticas ou vegetação e perceber como é que se adaptam ao território”, acrescentou Filipe Araújo.

Até ao momento, o município já investiu 270 mil euros no projeto, que é financiado em 1,4 milhões de euros do programa europeu Horizon, no âmbito do projeto NBRACER – Nature Based Solutions For Atlantic Regional Climate Resilience, uma iniciativa financiada pela União Europeia com o objetivo de desenvolver e implementar soluções baseadas na natureza para aumentar a resiliência climática.

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