Margarida Blasco propõs juntar mais 300 euros aos 100 que os polícias já têm de subsídio de risco. Seria pago de forma faseada em três vezes até 2026, sem retroativos.
O Ministério da Administração Interna (MAI) e os sindicatos da PSP e as associações da GNR não chegaram na terça-feira a um acordo sobre o subsídio de risco.
“Não houve acordo. Foi uma longa maratona. Houve uma proposta do MAI que não acompanhamos” disse aos jornalistas o porta-voz da plataforma dos sindicatos da PSP e associações da GNR, Bruno Pereira, no final da reunião com a ministra da Administração Interna.
Para o também presidente da Sindicato Nacional dos oficiais de Polícia, o valor apresentado pelo MAI “ficava por metade daquilo” que defendia a plataforma.
O Governo propôs na terça-feira um aumento de 300 euros no suplemento de risco da PSP e GNR, valor que será pago de forma faseada até 2026, passando o suplemento dos atuais 100 para 400 euros.
Segundo a proposta, os 300 euros de aumento seriam pagos por três vezes, sendo 200 euros em julho e os restantes no início de 2025 e 2026, com um aumento de 50 euros em cada ano.
Com esta proposta, a vertente fixa do atual suplemento por serviço e risco nas forças de segurança passa dos 100 para os 400 euros, mantendo a vertente variável de 20% do ordenado base dos militares da GNR e polícias da PSP.
Bruno Pereira considerou ser “um valor que não expressa a dignidade” dos polícias.
O presidente do sindicato que representa a maioria dos comandantes e diretores da PSP sublinhou que os sindicatos e associações fizeram durante a reunião, que durou cerca de seis horas, cedências e procuraram encurtar a distância entre a proposta do Governo e a da plataforma, que propõe um aumento de cerca de 600 euros.
Durante a reunião, explicou, os sindicatos propuseram um valor mais baixo, tendo colocado em cima da mesa um aumento de 400 euros pago por três vezes: 200 este ano, 100 em 2025 e outros 100 em 2026.
“Procuramos dar alguma margem para que pudessem ir ao nosso encontro, mas disseram que era impossível que não havia margem orçamental para o fazer e nós não podemos acompanhar e decidimos não subscrever a proposta”, disse.
Segundo Bruno Pereira, neste momento não ficou marcada nenhuma reunião com a ministra.
No entanto, referiu ainda acreditar que possa “haver algum passo e alguma consciencialização por parte do Governo”.
“Sinto uma tristeza imensa por não sair daqui com um acordo”, precisou, dando conta que a plataforma que congrega 11 sindicatos da PSP e associações da GNR vai agora reunir para decidir sobre o futuro.
Questionado sobre futuros protestos, Bruno Pereira respondeu: “Mais do que os protestos, tenho medo do desalento, tristeza e da desmotivação [dos polícias] que já era mínima e neste momento pode atingir níveis nunca antes observados”.
A meio da reunião, a Associação Sindical Autónoma de Polícia, que não faz parte da plataforma dos sindicatos da PSP e associações da GNR, e o Sindicato Independente dos Agentes de Polícia (SIAP) e Sindicato Nacional da Polícia (Sinapol), que pertencem à plataforma, abandonaram as negociações por não concordarem com a proposta.
Esta foi a quarta proposta que a ministra da Administração Interna apresentou aos sindicatos da PSP e associações da GNR.