Toda a obra foi planeada para ser reversível e não danificar o património classificado.
O Porto está a valorizar o seu património histórico através da luz. Já está concluída a instalação de 239 novas luminárias LED e do sistema de controlo remoto e regulação de fluxo de iluminação no primeiro troço da Muralha Fernandina, situado na Batalha-Guindais.
O troço de fortificação agora intervencionado é um dos poucos remanescentes da antiga cintura de muralhas defensivas da cidade, cuja construção terminou no reinado de D. Fernando. A empreitada, a cargo da empresa municipal Águas e Energia do Porto, teve como objetivo modernizar a iluminação do monumento, reforçar a rede elétrica nas zonas envolventes e melhorar a eficiência energética, a mobilidade e a segurança.
A arquiteta responsável pelo projeto considera que “as caraterísticas arquitetónicas da muralha passaram a ser valorizadas através da iluminação rasante das alvenarias” e que “a sua volumetria é salientada através de faces deixadas, propositadamente, em sombra, pondo em evidência as arestas abruptas dos torreões”. “Desde o adarve, a iluminação cumpre duas funções: a de evidenciar as ameias e merlões e a de iluminar o caminho de ronda da muralha”, explica Diana Del-Negro.
Toda a obra foi planeada para ser reversível e não danificar o património classificado. Além disso, os equipamentos possuem um sistema de controlo remoto, permitindo controlar os consumos energéticos e aumentar ou diminuir a quantidade de luz da muralha conforme as necessidades.
“A muralha estava iluminada com projetores obsoletos e pouco eficientes e um tipo de iluminação que não valorizava, convenientemente, a imagem do monumento”, sublinha Diana Del-Negro. De acordo com a especialista em iluminação artificial, com obras de referência em Portugal e no estrangeiro, “várias lanternas instaladas na sua frente encadeavam e não permitiam a sua correta visualização. No novo projeto, estas luminárias foram retiradas, passando a ser possível ter uma vista desobstruída do monumento, tanto durante o dia, como à noite”.
Na envolvente do troço Batalha-Guindais foram, ainda, instaladas 32 luminárias LED no caminho pedonal junto à muralha, 11 luminárias LED na Rua Arnaldo Gama e 4.600 metros de cabos elétricos, que vão alimentar e regular os equipamentos instalados. Todos os novos equipamentos viários foram colocados longe do campo de visão da muralha e com controlo de fluxo luminoso. A iluminação pedonal do jardim passou a ser realizada por meio de equipamentos de baixa altura, melhorando a visualização dos arruamentos sem conflituar com a iluminação do monumento.
Esta é apenas a primeira fase de um projeto maior, que pretende evidenciar a presença na paisagem urbana noturna de um dos elementos mais preponderantes do Porto antigo. Até ao século XIX, esta fortificação ameada, com torreões, portas e postigos, moldou o urbanismo e arquitetura do centro histórico. Hoje, subsistem troços dispersos de muros e torres, por vezes quase invisíveis no meio do casario. Depois deste projeto, seguir-se-á a intervenção nos troços das escadas do Caminho Novo e do Palácio de S. João Novo.
A iluminação arquitetónica do conjunto de muralhas medievais da cidade e de alguns dos espaços públicos envolventes, assumida pela Águas e Energia do Porto, insere-se no Programa de Requalificação da Iluminação da Cidade, que pretende torná-la mais sustentável e eficiente. O objetivo é, também, melhorar a imagem noturna da cidade, fomentar o interesse pelo seu património e o usufruto noturno dos espaços, utilizando, para o efeito, as mais recentes tecnologias. Recorde-se que a cidade tem, atualmente, em marcha uma série de medidas que passam pela produção e partilha de energia renovável, incremento da mobilidade sustentável, aumento da eficiência do edificado, a promoção da poupança energética, investimento em iluminação LED inteligente e uma maior circularidade.
Créditos: Nuno Miguel Coelho/CM Porto