Antigo jogador e selecionador da Alemanha tinha 78 anos.
Franz Beckenbauer, a maior figura da história do futebol da Alemanha, morreu domingo aos 78 anos, anunciou hoje a família, deixando um legado de reinvenção tática e títulos mundiais como jogador e selecionador, entre outros feitos.
Campeão europeu em 1972, o jogador que ajudou a instituir a posição de líbero, a hegemonia alemã nos anos 1970 e a forjar um “gigante” com o Bayern Munique vinha tendo a saúde debilitada nos últimos tempos e, segundo informou hoje a família, acabou por morrer no domingo.
“É com profunda dor que comunicamos que o nosso pai, Franz Beckenbauer, morreu domingo, tranquilamente ao redor da sua família. Pedimos que possamos viver o luto em paz, sem perguntas”, pode ler-se numa mensagem que a família enviou à agência noticiosa alemã DPA.
Beckenbauer, de alcunha “Kaiser”, ou “Imperador”, é uma das mais emblemáticas figuras do futebol no século XX e uma de três a vencer o Campeonato do Mundo como jogador e, posteriormente, como selecionador, no seu caso com a Alemanha Ocidental, em 1974 e 1990, respetivamente, feito só conseguido por Mário Zagallo, pelo Brasil, e Didier Deschamps, pela França.
A sua morte surge dias após o desaparecimento de Zagallo, que morreu na sexta-feira, deixando o técnico francês como único vivo a ter experienciado este feito.
O antigo defesa e médio, tido como um dos melhores futebolistas de todos os tempos, foi ainda um dos destaques da ascensão do Bayern Munique a potência mundial, vencendo três vezes a Taça dos Campeões Europeus (atual Liga dos Campeões), tendo ganho a Bola de Ouro em 1972 e 1976.
Nascido em 11 de setembro de 1945, na cidade de Munique que viria a defini-lo, acabou por ficar marcado pela passagem pelo Bayern, em que jogou de 1964 a 1977, ajudando a estabelecer o líbero – um tipo de defesa central “livre”, com capacidade e permissão para também subir no terreno – como posição determinante num esquema tático.
A nível de clubes, o jogador de 1,81 metros passou ainda pelo New York Cosmos, na “constelação” norte-americana que também contou com Pelé, Johan Cruyff ou Carlos Alberto, mas também pelo Hamburgo, com quem também foi campeão da Alemanha.
No Bayern, contudo, venceu três vezes a Taça dos Campeões Europeus (atual Liga dos Campeões), em 1974, 1975 e 1976, e uma Taça Intercontinental, em 1976, numa carreira com vários títulos da Bundesliga e outras taças, tendo jogado pela Alemanha Ocidental 103 vezes, 50 como capitão, apontando 14 golos.
Foi a figura do futebol do seu país, com Gerd Müller e Sepp Maier, e jogou o “Encontro do Século” com uma fratura, e de braço “ao peito”, contra a Itália, nas meias-finais do Mundial de 1970, perdendo no prolongamento por 4-3, numa das imagens mais marcantes da carreira, que teve ainda continuação como treinador de sucesso, sobretudo pela Alemanha.
Chamado a assumir a “mannschaft” depois do Euro1984, um “fracasso” para os germânicos, levou-os à final do Mundial1986, perdido para a Argentina de Diego Maradona, antes da “vingança”, contra a mesma equipa, na decisão de 1990, em Roma.
Igualava, então, a “lenda” do futebol brasileiro Mário Zagallo, tendo visto, depois, o francês Didier Deschamps entrar neste “panteão”, quando o gaulês venceu a competição como jogador, em 1998, e como selecionador, 20 anos depois.
Trabalhou em Marselha como treinador, mas a gestão agradava-lhe mais e ajudou a “guiar” o seu Bayern nos anos 1990, ao lado de Karl-Heinz Rummenigge e Uli Hoeness, mas também no Comité Executivo da FIFA e na missão, bem sucedida, de conseguir que a Alemanha organizasse o Mundial2006.
Este envolvimento levá-lo-ia a problemas com a justiça, sendo alvo de uma investigação, e depois suspenso, enquanto “vice” da FIFA quando o Mundial de 2022 foi atribuído ao Qatar, em 2010.