Ministro quer estudar aumento das dificuldades dos alunos a Matemática e Leitura

Os resultados do maior estudo internacional feito aos conhecimentos dos alunos revelam um agravamento das dificuldades que os jovens de 15 anos sentem para realizar tarefas básicas a Matemática e Leitura.

Dezembro 5, 2023

O Ministro da Educação mostrou-se hoje preocupado com os resultados dos alunos portugueses em provas internacionais, sublinhando que é preciso identificar as causas que levam estudantes de todo o mundo a ter mais dificuldades a Matemática ou Leitura.

Os resultados do maior estudo internacional feito aos conhecimentos dos alunos – realizado em 2022 por mais de 690 mil estudantes de todo o mundo – foram hoje divulgados e revelam um agravamento das dificuldades que os jovens de 15 anos sentem para realizar tarefas básicas a Matemática e Leitura.

Portugal acompanha esta tendência: os quase sete mil estudantes de escolas portuguesas que realizaram em 2022 a prova de Matemática do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) tiveram menos 20 pontos do que os colegas que a tinham realizado em 2018.

“Quando temos quebras nos resultados devemos ficar preocupados e devemos analisar com profundidade os resultados”, disse o ministro da Educação, João Costa, em declarações aos jornalistas, sublinhando que a “quebra de resultados acontece em países com políticas curriculares bastante diferenciadas”.

O relatório hoje divulgado reconhece que ainda não é possível identificar as razões para esta tendência mundial, não estando identificado um fator preciso ou uma determinada política educativa.

“Temos países muito diferentes, na forma como se ensina, nos currículos que desenvolvem, com esta tendência semelhante” de quebra de resultados, disse João Costa, recordando que este PISA era “muito aguardado” por ser o primeiro levantamento internacional feito após a pandemia.

No entanto, os investigadores da OCDE consideram que também não se pode atribuir a descida de resultados apenas à pandemia de covid-19.

“Há uma descida que tem a ver com a pandemia, mas a pandemia não explica tudo, porque há uma queda na média da OCDE desde 2012 que não foi ainda suficientemente explicada”, disse o ministro, que lançou um apelo à OCDE para que se analise o fenómeno.

Do lado do ministério, tem havido uma atenção especial aos países que sistematicamente têm bons resultados. No caso da Matemática, os alunos das escolas de Singapura voltam a ser os que têm melhores desempenhos e Portugal tem estado atento ao que se faz do outro lado do mundo.

“A equipa que fez os nossos novos documentos curriculares participou em muitos encontros sobre a Matemática na OCDE e esteve a trabalhar muito próximo com o currículo de Singapura para nos aproximarmos em termos curriculares com aquilo que Singapura faz, porque é o país de topo”, contou o ministro.

Já no que toca à Leitura, o foco está em países como a Irlanda ou a Estónia, “que têm bons resultados” e um currículo que passa por “muita diversificação nas formas de ler, muitas técnicas de leitura e não um currículo tão clássico na área da língua como outros países têm”.

Olhando para a participação dos alunos portugueses no PISA, cujas primeiras provas foram realizadas em 2000, João Costa lembrou que Portugal começou por ter, na primeira década do século, “uma subida muito rápida nos resultados” aproximando-se então da média da OCDE, seguindo-se uma “convergência que se continua a registar mesmo depois da queda dos resultados”.

“Portugal é um típico país médio da OCDE”, acrescentou Tiago Caliço, analista em educação da OCDE, durante a apresentação dos resultados do PISA que decorreu hoje em Lisboa.

O estudo hoje divulgado revela ainda que “não há diferença entre as escolas públicas e as escolas privadas”, disse João Costa, que quis também salientar o facto de os alunos portugueses serem dos que se sentem melhor na escola e de esta “ser um lugar seguro”, com poucos casos de “bullying” relatados pelos estudantes.

Outro dos pontos focados no relatório do PISA é o aumento de alunos imigrantes nas escolas, que passaram de 7% em 2018 para 11% em 2022 e que “têm motivado a atenção” da tutela, garantiu o ministro.

No ano passado, foi desenhado um guia de acolhimento para alunos estrangeiros, mas João Costa reconheceu hoje que são precisas mais politicas para estes estudantes que encontram na língua a primeira barreira para aprender.

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