Num jantar-conferência 13.ª edição da Universidade Europa, na sexta-feira passada, Nuno Melo defendeu que o serviço militar poderia ser uma alternativa para jovens que cometem pequenos delitos em vez de serem colocados em instituições.
O ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo, disse hoje ter vivido “24 horas de realidade paralela” por causa de “uma falsidade feita notícia” e negou ter proposto o recrutamento de jovens delinquentes.
“Eu vivi 24 horas de realidade paralela, com uma falsidade feita notícia e, depois, comentários durante 24 horas a essa notícia, uma ministra confrontada com o que eu nunca propus, o presidente [da República] confrontando com aquilo que eu nunca anunciei e aqui vamos, até ao momento em que finalmente o esclarecimento acabou por ser dado”, afirmou Nuno Melo.
Em declarações aos jornalistas, em Beja, à margem da visita que está a efetuar esta tarde à feira agropecuária Ovibeja, o ministro afiançou que, “nunca, em nenhum momento, nomeadamente na Universidade Europa”, propôs “o recrutamento de pessoas em cumprimento de pena, de delinquentes, do que seja que justificou títulos muito exóticos que, durante 24 horas”, viu nos media.
“Só para que fique claro em começo de conversa, o ministro da Defesa, que por acaso sou eu, nunca propôs qualquer coisa sequer parecido. Aliás, eu não propus nada, não apresentei uma proposta, não apresentei um estudo, não apresentei uma intenção sequer”, insistiu.
Num jantar-conferência 13.ª edição da Universidade Europa, na sexta-feira passada, Nuno Melo defendeu que o serviço militar poderia ser uma alternativa para jovens que cometem pequenos delitos em vez de serem colocados em instituições que, “na maior pare dos casos, só funcionam como uma escola de crime para a vida”.
“Quantos destes jovens é que, se em vez de estarem institucionalizados sem nenhumas condições, pudessem cumprir um serviço militar, ter oportunidade de um exercício de formação, de autoridade, de valores, não poderiam ser mais tarde cidadãos muito melhores e simplesmente não lhes foi dada essa oportunidade?”, questionou na altura.
Nas declarações prestadas hoje aos jornalistas, na Ovibeja, Nuno Melo frisou ter-se limitado a dar “uma reposta através de uma pergunta retórica a um aluno”, no âmbito daquela sessão na universidade, a propósito daquilo “que as forças armadas também podem fazer em relação a alunos ou a pessoas em contexto desfavorecido”.
Mas o que aconteceu foi que “tivemos 24 horas de uma falsidade transformada em notícia e os comentários à volta da falsidade e não daquilo que eu disse, o que é pena, porque o que eu disse está gravado por todas as estações televisivas e o que eu disse não está sequer próximo do que foi noticiado”, reiterou.
Nuno Melo disse ter ficado “muito contente” com os requerimentos apresentados na Assembleia da República para que preste esclarecimentos precisamente aí, perante o parlamento, o que realçou que fará “com muito gosto”.
“Eu próprio fui deputado e, por isso, lá estarei, com muito gosto, a dar explicações sobre tudo isto, Não agora, não agora. As explicações que darei serão aos deputados na casa-mãe da democracia”, afirmou, garantindo que responderá a todas as perguntas que os deputados lhe colocarem “sem exceção”.
O ministro da Defesa Nacional defendeu ainda que, “muito mais do que justificar-se ou comentar-se” aquilo que “nunca disse”, o que “realmente deveria estar a ser avaliado é como é que o que aconteceu há 48 horas atrás pode acontecer numa democracia consolidada”.