Confrontado com este cenário pelos jornalistas, o Presidente da República comentou-o do ponto de vista teórico: “A História não se repete”.
O Presidente da República recusou-se hoje a comentar a sugestão de Cavaco Silva de eleições antecipadas para a existência de um Governo com suporte maioritário, mas avisou que a História de 1985 não se repete.
No final da cerimónia de atribuição dos prémios de investigação José Manuel de Mello 2024, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa foi confrontado com o teor do artigo hoje publicado por Cavaco Silva no jornal Expresso, mas o atual chefe de Estado afirmou não falar sobre as posições preconizadas pelo seu antecessor no cargo.
Nesse artigo, em que sugere a realização de eleições antecipadas, Cavaco Silva, deixa uma advertência: “Sem a predominância de um Governo que atribua prioridade ao crescimento da produção interna, da produtividade e da competitividade externa e goze de apoio maioritário na Assembleia da República ou que, sendo minoritário, beneficie de um compromisso de regime entre os partidos que o apoiem e partidos da oposição, o bem-estar das famílias portuguesas, nas suas diferentes dimensões, continuará, no fim da próxima década, muito afastado dos países mais ricos da União Europeia”.
Confrontado com este cenário pelos jornalistas, o Presidente da República comentou-o do ponto de vista teórico: “A História não se repete”.
“A História, hoje, não é igual a 1985. Em 1985 havia um Governo minoritário [do PSD, chefiado por Cavaco Silva], Portugal não tinha as regras europeias; ainda não tinha entrado na Comunidade Económica Europeia; não tinha Plano de Recuperação e Resiliência para cumprir; não tinha o Portugal 2030 para cumprir”, observou.
Para o chefe de Estado, a situação que se vivia em Portugal, em 1985, “era completamente diferente”.
“Olhando para o sistema partidário, era diferente. Em 1985, o PS estava partido com o crescimento do PRD (Partido Renovador Democrático). E neste momento o que encontramos é uma direita multifacetada”, assinalou.
Ou seja, de acordo com o chefe de Estado, a realidade atual “é completamente diferente”.
“Portanto, as soluções que em teoria funcionam num determinado momento não funcionam necessariamente num outro momento. Sejamos realistas. E ser realista é admitir que há soluções teóricas que podem ser interessantes, mas que, no imediato, há caminhos práticos que são mais urgentes”, concluiu.
Sem comentar “o artigo analítico” escrito por Cavaco Silva, o Presidente da República apontou que a taxa de inflação está a baixar, as previsões de crescimento “estão a caminhar bem” e a taxa de desemprego tem “bons números ao nível europeu e a balança comercial melhorou”.
“Numa situação complexa da Europa, Portugal está aguentar-se bem, apesar da substituição de Governo, das crises políticas que houve com necessidade de eleições. Isso não alterou sensivelmente os resultados da economia portuguesa”, sustentou.
Neste ponto, o chefe de Estado referiu que, por isso, tem defendido a aprovação do próximo Orçamento como “fator de estabilidade”.
No entanto, recusou-se a especular sobre o que será a seguir ao próximo Orçamento, designadamente ao longo de 2025, 2026 e 2026.
“Sabendo-se que 2025 e 2026 são anos eleitorais”, acrescentou.