Marcelo acusa Trump de favorecer Rússia na Ucrânia e de “atacar soberania” de aliados

Num discurso no Palácio Nacional da Ajuda, num jantar oferecido ao Presidente francês, Emmanuel Macron, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que Donald Trump “rompeu com a orientação do seu antecessor e com toda a política externa desde a Segunda Guerra Mundial”.

Fevereiro 28, 2025

O Presidente da República acusou hoje o seu homólogo dos Estados Unidos, Donald Trump, de favorecer a Rússia em detrimento da União Europeia na Ucrânia e de atacar a soberania dos seus parceiros e aliados.

Num discurso no Palácio Nacional da Ajuda, num jantar oferecido ao Presidente francês, Emmanuel Macron, no âmbito da sua visita de Estado a Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que Donald Trump “rompeu com a orientação do seu antecessor [Joe Biden] e com toda a política externa desde a Segunda Guerra Mundial”.

“Questionou a soberania do Canadá, aliado na NATO e na Ucrânia” e, por consequência, o rei do Reino Unido, outro aliado tradicional. “Questionou a administração da Dinamarca, outro aliado na NATO e na Ucrânia, na Gronelândia. Afirmou o objetivo de paz o mais rápido possível na Ucrânia, assente no entendimento preferencial com a Federação Russa e sem intervenção europeia”, elencou.

O chefe de Estado português abordou depois a postura de Donald Trump no que se refere à guerra na Ucrânia, considerando que tem “mesclado ataques ao Presidente ucraniano, enunciando condições russas +ara acordo, com a não admissão da legitimidade do Presidente ucraniano, a não adesão futura à NATO, pondo mesmo em causa as fronteiras internacionalmente fixadas”.

No que se refere à União Europeia (UE), Marcelo salientou que, além de Donald Trump ter rejeitado a sua participação nas negociações de paz para a Ucrânia, também acenou com o “desinvestimento norte-americano no apoio existente” ao continente e “no apoio para a [sua] segurança após a guerra”.

Marcelo deixou ainda críticas às declarações do vice-presidente dos Estados Unidos, J. D. Vance, na Conferência de Segurança de Munique, alegando que se pronunciou “sobre a situação política interna dos Estados da União e interveio em pleno processo eleitoral num desses Estados”, referindo-se à Alemanha.

Depois, o Presidente da República abordou o voto contra dos Estados Unidos, esta segunda-feira, a uma resolução da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) que condenava a invasão da Ucrânia pela Rússia, salientando que “votaram ao lado da Federação Russa, contra os seus aliados europeus e da NATO”.

“Isto são factos. Perante eles, só não vê quem não quer ver”, disse, antes de acrescentar que os Estados Unidos e os seus atuais governantes “têm base eleitoral interna para quererem mudar radicalmente a posição do anterior poder político”.

“Mas não têm necessariamente legitimidade jurídica internacional para atacar a soberania de parceiros, aliados e amigos, para intervir na sua integridade territorial, para preferirem fazer a chamada paz com a Federação Russa e seus aliados, sem a UE, e até para reduzirem o papel da Ucrânia a uma sujeição máxima e soberania mínima”, disse.

Salientando que “é fácil de ver que, dia após dia, neste último mês, com estes gestos, se foi corroendo a NATO”, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que a postura atual dos Estados Unidos faz “lembrar as hesitações e tendências de Washington no final da Segunda Guerra Mundial, de protetorado em relação à Europa, felizmente logo evoluindo para uma fecunda visão democrática e de parceria”.

Numa palavra, prosseguiu Marcelo, “os Estados Unidos da América parecem, neste momento, ter decidido favorecer a Federação Russa e seus aliados, na situação existente na Ucrânia, em detrimento da UE”.

“Verdadeira paz não é rendição mais ou menos disfarçada”, advertiu, antes de defender que “exigir mais empenho aos aliados como a UE só pode ter como fundamento moral o exigir que quem solicita tal reforço não enfraqueça, não deixe cair os aliados”.

“Dando a sensação de que pode converter os antigos adversários ou inimigos comuns em parceiros, aliados ou amigos desejados para o presente e para o futuro”, acrescentou.

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