IPO do Porto aposta em centro de treino em cirurgia oncológica robótica

De acordo com um relatório da Direção-Geral da Saúde (DGS) de 2021, este é o hospital do país que mais cirurgias oncológicas realiza.

Abril 16, 2024

O Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto quer criar, “a médio prazo”, um centro de treino em cirurgia oncológica robótica, disse hoje o presidente da instituição responsável pelo maior número de cirurgias oncológicas, por ano, no país.

Em entrevista à agência Lusa, no âmbito da comemoração dos 50 anos do IPO do Porto, Júlio Oliveira revelou que as peças para aquisição do primeiro robot cirúrgico “já estão prontas para concurso”, estando o investimento apenas dependente de uma autorização da administração central.

“E será apenas o primeiro. Está no nosso plano de investimentos a aquisição de mais sistemas robotizados”, referiu.

Atualmente, no IPO do Porto são realizadas, por ano, entre 11.000 a 12.000 cirurgias.

De acordo com um relatório da Direção-Geral da Saúde (DGS) de 2021, este é o hospital do país que mais cirurgias oncológicas realiza.

Nesse ano, no IPO do Porto foram feitas 8.463 cirurgias, com destaque para as intervenções à mama (986), estômago (371) e cólon (341).

Juntos, os três IPO — Porto, Lisboa e Coimbra — são responsáveis por 25% das cirurgias oncológicas realizadas em Portugal.

“Não podemos tratar tudo, nem é essa ambição, não pode ser. Tem de existir uma cada vez maior articulação com os cuidados de saúde primários e com os outros hospitais para que os IPO se possam reservar para oferecer os cuidados mais diferenciados”, disse Júlio Oliveira.

Nessa lógica, de cuidado diferenciado, o IPO do Porto quer criar um centro de treino em cirurgia oncológica robótica.

“A ideia é fazê-lo a médio prazo”, avançou Júlio Oliveira.

Deverão ser várias as indicações terapêuticas alvo do primeiro robot cirúrgico do IPO do Porto, um equipamento que será “rentabilizado ao máximo, estando já a ser desenhado um programa de treino dos cirurgiões em múltiplas áreas da cirurgia”.

Este é um dos equipamentos médicos pesados que o IPO do Porto vai receber no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e de um programa que visa a renovação do parque tecnológico nacional.

De um total de 117 milhões de euros, e com cerca de 20 milhões, o IPO Porto foi a instituição que recebeu a maior fatia de financiamento.

“É também a instituição que tem mais equipamentos pesados em fim de vida e que precisam de renovação”, justificou Júlio Oliveira.

Além de um robot, o IPO do Porto prevê a renovação do parque de aceleradores lineares, tomografias Computorizadas (TAC), angiógrafos, ressonâncias magnéticas e câmaras gama digital.

“O objetivo é oferecer, cada vez mais, terapias alvo, tratamentos dirigidos. As terapêuticas convencionais, como a quimioterapia, continuam a ter um papel muito relevante, mas a evolução está em, tendencialmente, oferecermos terapias mais personalizadas e mais evoluídas com mais eficácia e menos efeitos secundários. E a mesma coisa se aplica em áreas como a radioterapia, com tecnologias cada vez mais precisas e poupadoras do tecido normal”, descreveu Júlio Oliveira.

Para dar corpo a este propósito, o IPO do Porto tem em curso vários investimentos em infraestruturas como a abertura de uma sala nova na unidade de cirurgia de ambulatório para a realização de radioterapia intraoperatória.

Trata-se de, durante o próprio ato cirúrgico, efetuar radioterapia, reduzindo a toxidade e aumentando a eficácia.

“O IPO do Porto foi o primeiro e único centro a desenvolver radioterapia intraoperatória (…). Com esta sala ficamos com as condições ideais, condições de maior segurança. A curto prazo teremos uma terceira sala”, resumiu o presidente.

O investimento nesta sala, incluindo equipamentos, foi superior a 1,7 milhões de euros.

Também a obra no serviço de gastroenterologia “está em fase final de requalificação”.

Em causa está uma área, a do cancro gástrico ou cancro do estômago, com especial relevância em Portugal e em especial na região Norte, onde existe uma das maiores incidências mundiais desta doença oncológica.

A obra custou 1,3 milhões de euros, valor ao qual se soma cerca de 600 mil em equipamento.

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