Investigadores do Porto querem treinar algoritmos para aperfeiçoar diagnóstico do cancro

Uma das vantagens destes mecanismos passa pela capacidade de “suprimir informação ruidosa ou irrelevante”.

Outubro 18, 2024

Investigadores do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), no Porto, querem treinar algoritmos para “aperfeiçoar o diagnóstico” de doenças como o cancro, foi hoje revelado.

Em comunicado, o instituto do Porto esclarece que o estudo, publicado na revista Medical Image Analysis, explora a importância de usar os algoritmos para “analisar o contexto do núcleo das células como forma de tornar os diagnósticos mais eficazes”.

O núcleo das células contém informações cruciais que ajudam no diagnóstico de doenças, bem como na previsão da sua progressão e planeamento de tratamentos adequados, especialmente em contextos como o cancro.

A análise destes núcleos já é feita visualmente por patologistas e automaticamente através de algoritmos de processamento de imagens, mas a investigação agora publicada “vem introduzir uma abordagem mais profunda”.

A investigação, desenvolvida pelo investigador João Nunes, do INESC TEC, em colaboração com a investigadora do IMP Diagnostics, Diana Montezuma Felizardo, vem “dar mais um passo na área da aprendizagem automática em áreas de aplicação como a medicina”.

Citada no comunicado, a investigadora Diana Montezuma, salienta que a análise dos núcleos das células “é crucial, pois as alterações da sua forma, tamanho e estrutura podem indicar a presença de doenças, nomeadamente cancro”.

Já João Nunes esclarece que a investigação “aborda os diferentes mecanismos de atenção e contexto para a deteção de núcleos celulares como forma de colmatar as principais dificuldades da tarefa”.

Uma das vantagens destes mecanismos passa pela capacidade de “suprimir informação ruidosa ou irrelevante”.

Segundo os investigadores, a segmentação manual destas imagens é “uma tarefa trabalhosa e demorada”, sendo os algoritmos usados para “reduzir a carga de trabalho dos patologistas e melhorar a extração de características interpretáveis clinicamente”.

“Os algoritmos atuais enfrentam dificuldades em lidar com variabilidades nas características morfológicas e cromáticas dos núcleos”, salienta o instituto, acrescentando que os investigadores aperfeiçoaram os algoritmos para garantir que prestam atenção ao que está ao redor e às características importantes das células.

“A melhoria das técnicas, baseadas em “machine learning”, de deteção e classificação dos núcleos poderá ter, assim, várias implicações clínicas”, afirma a investigadora, salientando que o aspeto e a forma dos núcleos de algumas células tumorais são usados para determinar o grau de alguns tipos de cancro, como o da mama.

“Uma melhor segmentação dos núcleos permitirá caracterizar melhor as células tumorais (e outras células do microambiente tumoral), contribuindo assim para uma maior acuidade diagnóstica e prognóstica dos doentes”, acrescenta.

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