A revisão dos fluxos de triagem do CODU e do SNS24 para transferência de chamadas entre estes serviços é outra medida prevista.
O INEM anunciou hoje um conjunto de medidas de contingência para otimizar o funcionamento dos centros de orientação de doentes urgentes (CODU), como a criação de uma triagem de emergência para chamadas com espera de três ou mais minutos.
As medidas constam de um comunicado divulgado antes da conferência de imprensa em que o Instituto Nacional de Emergência Médica vai explicar a estratégia para melhorar a resposta, na sequência dos atrasos de atendimento das chamadas no CODU que alegadamente causaram a morte de três pessoas.
No comunicado, o conselho diretivo do INEM refere que vai avançar hoje com “a implementação imediata de medidas que visam otimizar o funcionamento dos Centros de Orientação de Doentes Urgentes”.
“A carência de profissionais da categoria de Técnico de Emergência Pré-hospitalar (TEPH) no mapa de pessoal do INEM, exacerbada agora pela greve dos trabalhadores desta categoria profissional às horas extraordinárias, sem fim previsto, tem pontualmente condicionado o nível de resposta que o INEM pretende oferecer aos cidadãos que necessitam dos serviços do Instituto”, salienta.
Além do reforço do dispositivo de emergência médica com ambulâncias de socorro sediadas em corpos de bombeiros e delegações da Cruz Vermelha Portuguesa, anunciado na terça-feira, o INEM vai agora colocar em prática um conjunto de medidas que vão permitir concentrar a atividade dos TEPH nos CODU e meios de emergência, em detrimento de atividades não prioritárias.
“Será ainda desenvolvido e implementado um fluxo de triagem abreviado para chamadas de emergência que tenham tido um tempo de espera para serem atendidas de ou superior a três minutos”, anuncia.
A par destas medidas, que serão aplicadas “no imediato”, o INEM vai, a curto prazo, integrar enfermeiros nos CODU para realização de determinadas funções, e rever os procedimentos relativos à passagem de dados das equipas de emergência no terreno.
A revisão dos fluxos de triagem do CODU e do SNS24 para transferência de chamadas entre estes serviços é outra medida prevista.
O INEM recorda a importância de uma utilização responsável do Número Europeu de Emergência — 112, que deve ser contactado apenas em situações de emergência, para garantir que os recursos estejam disponíveis para quem realmente precisa. Para outras situações, os cidadãos devem contactar o SNS24 através do número 808 24 24 24.
Desde quarta-feira que os TEPH estão em greve às horas extraordinárias para pedir a revisão da carreira e melhores condições salariais, uma situação que está a criar vários problemas no sistema pré-hospitalar e na linha 112.
Na segunda-feira, a greve dos técnicos de emergência pré-hospitalar obrigou à paragem de 44 meios de socorro no país durante o turno da tarde, agravando-se os atrasos no atendimento da linha 112.
Depois de o STEPH ter denunciado no fim de semana dois óbitos por atrasos no atendimento na linha de emergência — que levou o Governo a anunciar uma auditoria ao INEM – , hoje o jornal Público dá conta de mais um caso, em que não foi atendido o pedido de socorro de uma idosa que se sentiu mal no Tribunal de Almada e foi transportada pela PSP para o Hospital Garcia de Orta, onde acabou por morrer.
O INEM já confirmou o impacto da greve, recomendou às pessoas que não desliguem as suas chamadas até serem atendidas e anunciou um reforço do Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM) com 10 ambulâncias de socorro, distribuídas por Postos de Emergência Médica (PEM) em corpos de bombeiros e delegações da Cruz Vermelha Portuguesa.
A Liga dos Bombeiros Portugueses avisou na terça-feira que “o colapso” do sistema de triagem de doentes gerido pelo Instituto Nacional de Emergência Médica está a criar uma “pressão extraordinária” nas corporações de bombeiros.
Hoje o Governo manifestou abertura em dialogar com os técnicos do INEM, para melhorar as suas carreiras e anunciou a extensão do prazo de contratação de helicópteros para a instituição.
Na conferência de imprensa no final do Conselho de Ministros, o ministro da Presidência explicou que a renovação dos quatro helicópteros atuais será feita através de um concurso, com prazo de contratação entre junho de 2025 e junho de 2030, com um valor total de 98 milhões de euros.