Impactos da pandemia covid-19 em Vila Nova de Gaia apresentados em estudo

A apresentação marcada para esta manhã no Auditório Manuel Menezes de Figueiredo, em Gaia, conta com o presidente da Câmara Local, Eduardo Vítor Rodrigues, e com o ministro da Saúde, Manuel Pizarro.

Dezembro 14, 2023

A cultura em Gaia registou mais efeitos negativos com a covid-19, enquanto a economia local se portou melhor do que inicialmente previsto são conclusões de um estudo sobre os impactos da pandemia no concelho que é apresentado hoje.

“Apesar da OMS [Organização Mundial da Saúde] ter declarado o fim da pandemia, a covid não acabou. Os efeitos da covid perduram e vão perdurar e essa é uma das evidências que resulta do estudo e que merece reflexão (…). Isto não foi só uma pandemia, foi uma sindemia, uma perturbação social transversal que afetou todas as áreas”, disse o coordenador do estudo “Avaliação e monitorização dos impactos da pandemia na comunidade e suas representações sociais no concelho de Vila Nova de Gaia”.

Rui Marques, do Instituto Padre António Vieira (IPAV), antecipou as conclusões de um estudo que ao longo de cerca de 2.000 páginas aborda nove áreas — saúde, educação, ação social, economia e emprego, media, cultura, tecnologia, ambiente e o espaço público — e que tem como objetivo “registar para futuro o que se aprendeu e o que aconteceu para se poder dar pistas e recomendações úteis”.

“A economia portou-se muito melhor do que se imaginava. O impacto inicial foi forte, mas a recuperação foi muito rápida e melhorou ao longo do tempo. Pela negativa, os dados da cultura chegam ao fim de 2022 piores do que estavam antes”, resumiu.

Centrado em Vila Nova de Gaia, no distrito do Porto, este estudo — que demorou um ano a ser elaborado e analisa 2020, 2021 e 2022 — usou uma metodologia mista (quantitativa e qualitativa), recorreu a 2.000 inquéritos e a mais de 100 entrevistas, bem como a parcerias com instituições locais e nacionais e junta contributos científicos.

À Lusa, o coordenador destacou a “enorme participação das estruturas de Gaia, nomeadamente escolas, IPSS e centro hospitalar”, entre outras, e foi direto na conclusão: “Temos de manter o tema covid-19 na agenda”.

“Recomenda-se que se prepare uma futura crise de riscos sistémicos. Vivemos na era do risco e não sabemos o que será e quando será, mas é altamente provável que voltem a surgir situações críticas de grande perturbação social e precisamos de consolidar as aprendizagens da covid, que foram muitas, para estarmos melhor preparados em futuras crises”, referiu.

Sublinhando a “abordagem preventiva” do estudo, Rui Marques também destaca o lado da “reflexão”, apontando que “ficou provado que o que funcionou melhor e mais rápido como resposta à crise covid foi o âmbito local”.

“As instituições de base local, como as juntas de freguesia e as autarquias, as IPSS, as unidades de saúde, foram de resposta imediata”, apontou.

Outro dos pontos destacado prende-se com o espaço público, tendo-se concluído que “desde o confinamento, à valorização daquilo que era o espaço de escape e de passeio”, esta área assumiu uma relevância diferente no quotidiano das pessoas.

“Verificou-se muito maior valorização da orla costeira, das zonas pedonais, e quando os parques reabriram a afluência foi muito grande”, descreveu, referindo que outra das “grandes aprendizagens começa no capitulo da saúde, mas não termina aí” e diz respeito às expectativas.

“Disseram-nos mais ou menos assim: “Que saudades tenho do tempo covid, porque naquela altura fomos capazes de coisas extraordinárias, colaborámos entre nós, fizemos um esforço enorme, demos as mãos…”. Portanto, há uma sensação agridoce, nomadamente de profissionais, entre o orgulho e a desilusão do pós-covid. É quase como uma enorme ressaca”, concluiu.

A apresentação marcada para esta manhã no Auditório Manuel Menezes de Figueiredo, em Gaia, conta com o presidente da Câmara Local, Eduardo Vítor Rodrigues, e com o ministro da Saúde, Manuel Pizarro.

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