Imigrantes agendam nova manifestação no Porto

O objetivo é exigir que os problemas das comunidades sejam incluídos no debate político.

Abril 15, 2025

A maior associação de imigrantes do país agendou hoje para o próximo dia 23 uma manifestação junto à loja do Porto da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), para exigir que os problemas das comunidades sejam incluídos no debate político.

“A nossa luta tem de ser intensificada, por isso é que estamos a alargar a algumas partes do país” ações de protesto, explicou à Lusa Timóteo Macedo, presidente da Solidariedade Imigrante.

“Temos de dar uma demonstração de que temos força, que somos pessoas, que queremos ter os nossos direitos consignados e queremos que haja mudanças drásticas” na política migratória portuguesa.

Hoje em dia, em Portugal, os emigrantes “continuam a trabalhar e a pagar para a conta da segurança social, mas estão a ser completamente desprezados”, acusou ainda.

Para o dirigente, a criação da “via verde” para os imigrantes, que hoje entrou em vigor, “é um favor que se faz aos patrões”, ao condicionar a presença dos estrangeiros aos contratos de trabalho.

Timóteo Macedo disse que existem muitos imigrantes em Portugal que poderiam colmatar as necessidades da mão-de-obra, mas as empresas preferem “contratar lá fora pessoas que não conhecem, não sabem quem são e que depois ficam presas” ao emprego.

Segundo a associação, o objetivo dos governantes é “expulsar quem cá está a trabalhar, preferindo fazer o favor às grandes empresas e patrões com a chamada “via verde”, para irem buscar trabalhadores nacionais de países terceiros.

Enquanto isso, milhares de imigrantes já em Portugal continuam, “de uma forma escandalosa”, à espera dos seus documentos, “com a vida em suspenso e em risco de serem expulsos”.

O dirigente equiparou a “via verde” a “esquemas suspeitos que mais não servirão do que alimentar as redes mafiosas de tráfico humano”.

Na semana passada, mais de uma centena de imigrantes asiáticos concentraram-se em frente à sede da AIMA, em Lisboa, para contestar a falta de respostas das autoridades portuguesas e exigir direitos iguais para todos.

Timóteo Macedo aponta ainda o facto de muitos imigrantes que foram identificados como irregulares noutros países europeus estarem a ser colocados numa “lista de não admissão do espaço Schengen”, não tendo, por isso, resposta da AIMA.

Segundo a associação, só no Porto são cerca de 800 imigrantes indianos que “não conseguem ter documentos porque o seu nome está na lista de não admissão”.

A meio da manhã de segunda-feira, quando a manifestação já contava com cerca de 300 pessoas, a coordenadora nacional do Bloco de Esquerda deslocou-se ao local para manifestar solidariedade com a comunidade imigrante e exigir respostas das autoridades.

“Estas pessoas estão aqui porque vieram para Portugal à procura de uma vida melhor e Portugal, que precisa destes trabalhadores e destas pessoas, que usa as suas contribuições para pagar as reformas e para ajudar a construir o país não lhes respondeu com a dignidade que merecem”, afirmou Mariana Mortágua, em declarações aos jornalistas.

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