Greve da rede Unir em Gaia e Espinho com adesão próxima dos 100%

A greve dos trabalhadores da Auto Viação Feirense, que opera o lote 4 da rede Unir (Gaia e Espinho), está hoje a registar uma adesão “próxima dos 100%, apenas circula uma das cerca de 100 viaturas”, disse fonte sindical. De acordo com o coordenador do Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos de Portugal […]

Novembro 4, 2024

A greve dos trabalhadores da Auto Viação Feirense,
que opera o lote 4 da rede Unir (Gaia e Espinho), está hoje a registar
uma adesão “próxima dos 100%, apenas circula uma das cerca de 100
viaturas”, disse fonte sindical.


De acordo com o coordenador do Sindicato dos Trabalhadores de
Transportes Rodoviários e Urbanos de Portugal (STRUP) para as regiões
Centro e Norte, Hélder Borges, a Auto Viação Feirense, que opera no lote
4 da rede Unir (Vila Nova de Gaia e Espinho) através da subsidiária
Transportes Beira Douro, e está subcontratada para operar parte do lote 2
(Gondomar, Paredes, Santo Tirso e Valongo), “não cumpre com o contrato
coletivo de trabalho e não paga devidamente aos trabalhadores”.


Em declarações à Lusa, Hélder Borges disse ainda não dispor de dados
em relação à adesão no lote 2 (Gondomar, Paredes, Santo Tirso e
Valongo), mas apontou para “os 80%, no geral”.


Questionada hoje pela Lusa, a porta-voz da empresa, Thais Mateus,
afirmou que a paralisação ronda “os 5% de adesão” nos dois lotes (2 e 4)
da rede Unir.


“As condições de trabalho estão a degradar-se de dia para dia, em
termos de manutenção de viaturas e limpeza das viaturas. A pressão sobre
os trabalhadores é cada vez maior”, disse Hélder Borges.


O dirigente sindical refere que, para cumprirem os horários, “os
trabalhadores andam até a pôr em causa a segurança rodoviária, os
serviços ficam por fazer porque não há condições para os fazer”, pedindo
melhor organização das escalas.


“Foi-nos transmitido pela empresa que estão a cumprir cerca de 40%
dos serviços. É uma vergonha. Metade dos serviços ficam por fazer”,
disse o sindicalista.


Segundo o sindicalista, “depois, os trabalhadores são pressionados
pelos utentes pelos atrasos” e “quem ouve é o trabalhador”, pois “é
claro que se o autocarro vai atrasado, o utente vai pôr o problema ao
trabalhador”.


Em declarações à Lusa, Thais Mateus negou, considerando que os números avançados pelo sindicato “são disparatados”.


“Lutamos todos os dias para fazer 100% de serviço. Desde que os
trabalhadores cumpram o seu serviço, a empresa faz 100%”, vincou,
admitindo que “pontualmente há um trabalhador que pode ou incumprir ou
avisar em cima da hora que vai incumprir”, condicionando o serviço.


Entre outras reivindicações avançadas pelos trabalhadores estão a
subida do valor do subsídio de refeição, atualmente em 5,5 euros, e a
redução do tempo de intermitência (tempo de pausa entre serviços) de
três para duas horas.


“Os trabalhadores não têm uma casa de banho digna para estar, não têm
uma sala de refeições, estão a viver 10 e 12 trabalhadores imigrantes
numa casa, a empresa está a cobrar dinheiro a esses trabalhadores”,
disse ainda o dirigente sindical.


Helder Borges acrescentou que estas situações já foram denunciadas à
Segurança Social e à Autoridade para as Condições de Trabalho, que já
esteve na empresa, mas mantém-se “tudo igual”.


Thais Mateus disse hoje à Lusa que as instalações cedidas pela
empresa aos trabalhadores “são temporárias, até que possam arranjar a
sua própria habitação”, negando que haja “excesso de lotação das casas”.


Já sobre as reivindicações relativas à limpeza das viaturas, ao
subsídio de alimentação e ao horário de intermitência, a responsável
referiu que tal está estabelecido no contrato coletivo de trabalho (CCT)
e deve ser negociado com a associação do setor, a Associação Nacional
de Transportes de Passageiros (ANTROP).


“Dada a indisponibilidade da empresa para dialogar com os
trabalhadores, foi já agendado novo plenário para 28 deste mês e greve
para 02 de dezembro”, acrescentou o dirigente sindical.

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