Grávidas têm de ligar para a linha SNS antes de irem à urgência

O coordenador do plano salientou ainda que é preciso retirar das urgências obstétricas cerca de 45 a 50% das situações que não são consideradas urgentes e que estão a condicionar os recursos humanos.

Outubro 22, 2024

As grávidas terão sempre de ligar para a Linha SNS Grávidas antes de recorrer à urgência hospitalar de Ginecologia e Obstetrícia, segundo o plano de reorganização das urgências hoje apresentado.

O plano de reorganização para as urgências de obstetrícia/ginecologia e pediatria, hoje apresentado em conferência de imprensa, no Ministério da Saúde, pelo seu coordenador, Alberto Caldas Afonso, recomenda que a grávida que ligue para a Linha SNS 24 e seja triada com a pulseira verde (pouco urgente) será encaminhada para uma consulta aberta hospitalar em 24 horas.

Já a grávida que for triada com pulseira azul (não urgente) será enviada para uma consulta aberta nos cuidados de saúde primários no dia útil seguinte ou para uma consulta normal.

No caso de a grávida se dirigir pelo próprio pé à urgência será aconselhada a ligar para a linha SNS 24. Caso não queira ligar, será observada por um enfermeiro especialista em enfermagem de saúde materna e obstétrica (EESMO), explicou Caldas Afonso.

Há ainda outras situações previstas no fluxograma que preveem o reencaminhamento direto para a urgência de obstetrícia e ginecologia, nomeadamente se a grávida tiver uma carta do médico ou de um enfermeiro especialista, for reencaminhada por uma emergência pré-hospitalar ou se correr risco de vida.

Segundo Caldas Afonso, todos os enfermeiros que estão a fazer o atendimento na linha SNS 24 fazem uma “formação robusta” obrigatória para a triagem e para o fluxograma.

Realçou a importância da disponibilidade da linha “em tempo célere, o que tem acontecido, e um encaminhamento adequado”.

O coordenador do plano salientou ainda que é preciso retirar das urgências obstétricas cerca de 45 a 50% das situações que não são consideradas urgentes e que estão a condicionar os recursos humanos.

“São situações muito simples (…) que não faz sentido que vão consumir recursos humanos mais diferenciados que têm que estar vocacionados para aquilo que é a missão daquela unidade, dar a melhor assistência a quem vai ter o seu filho”, comentou.

O presidente da Comissão Nacional da Saúde da Mulher e da Criança e do Adolescente, que elaborou o plano, disse que o objetivo desta reorganização é “assegurar que todas as pessoas vão ter uma resposta no sítio adequado”.

Presente na conferência, o presidente da Sociedade Portuguesa de Obstetrícia, Diogo Ayres de Campos destacou a importância da Linha SNS Grávida para orientar também as mulheres com queixas ginecológicas agudas para locais onde podem ter atendimento “a tempo e horas”, naquele dia ou no seguinte, “sem haver a necessidade de uma quantidade muito grande de médicos estar constantemente nas urgências, às vezes, a resolver situações que não necessitavam de ser ali avaliadas”.

No seu entender, esta medida vai contribuir para que as equipas de urgência nesta área sejam mais reduzidas, além de descongestionar o serviço.

Caldas Afonso apelou ainda à ajuda da comunicação social para “ajudar a percorrer este caminho”, informando as grávidas e as famílias.

Além das campanhas se sensibilização na televisão, nas farmácias, centros de saúde, Caldas Afonso apelou à comunicação social para “ajudar a percorrer este caminho”, informando as grávidas e as famílias.

“É um caminho que as pessoas vão ter que o percecionar e perceber, mas vão sentir que é a melhor solução”, disse, defendendo que é preciso acabar com “a questão abre, fecha”, aludindo aos encerramentos rotativos das urgências de obstretícia/ginecologia e pediatria como tem vindo a acontecer.

“Não nos queremos rever no que aconteceu nos últimos dois anos”, disse, vincando que o objetivo final, dentro das “enormes dificuldades” é poder “manter os níveis de qualidade” que distingue o SNS em termos da assistência médica à mulher e ao recém-nascido.

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