A Câmara de Gaia teve em 2024 um lucro superior a 25,9 milhões de euros, mais 11,1 milhões face ao ano anterior,
A Câmara de Vila Nova de Gaia aprovou esta segunda-feira o Relatório de Prestação de Contas de 2024 com o voto contra do PSD, que acusou o atual presidente socialista da autarquia de “desconsideração pelo passado”.
Durante a discussão e aprovação daquele documento, que decorreram durante a reunião do executivo daquela autarquia do distrito do Porto, o PSD, pela voz do vereador Rui Rocha Pereira, considerou que o executivo socialista aproveitou o relatório de 2024 para “fazer um balanço do ciclo autárquico de gestão socialista” que, disse, “foi efetuado com uma manifesta desconsideração pelo passado”.
“O PS, no ciclo autárquico liderado pelo PSD [1997-2013, no qual a autarquia foi liderada por Luís Filipe Menezes], votou favoravelmente a esmagadora maioria das deliberações (…), contudo, em 2025, o agora presidente vem afirmar que tudo estava mal, colocando em causa decisões políticas que nunca enjeitou e desconsiderando a melhor gestão autárquica que Vila Nova de Gaia teve até ao momento”, apontou o vereador.
Para o PSD, “sem a visão, o rasgo e a ousadia da anterior gestão autárquica, não seria possível hoje em dia o município ter a saúde financeira apregoada”.
Na resposta, Eduardo Vítor Rodrigues recusou comparações com o anterior autarca: “Não estamos aqui para medir legados. Vou deixar isso para o momento certo”.
Segundo o documento aprovado, a Câmara de Gaia teve em 2024 um lucro superior a 25,9 milhões de euros, mais 11,1 milhões face ao ano anterior, com o passivo em 2024 a ultrapassar os 187,3 milhões de euros, estabelecendo-se o saldo de gerência em mais de 41,5 milhões de euros.
A receita global estabeleceu-se em 270,7 milhões de euros, mais 7,1% face a 2023, sendo que a receita corrente representa 77,5% deste valor, enquanto a receita de capital representa 9,6%.
Quanto à despesa, no ano passado ascendeu a 224,7 milhões de euros, registando-se um acréscimo de 7,8%, mais 16,3 milhões de euros.
Na quarta-feira, em declarações à agência Lusa, Eduardo Vítor Rodrigues salientou que o saldo que transita de ano para ano “não é tudo lucro”, porque “muitas verbas estão já alocadas a obras que serão entretanto pagas”, apontando que “o saldo atualmente disponível é de cerca de um terço, cerca de oito milhões de euros”.
“O que também é bom. Estas são as contas do equilíbrio e com o regozijo de ter pegado numa câmara pré-falida e de a ter transformado numa câmara sustentável ao nível do que são as melhores câmaras do país como o Porto, Matosinhos ou Sintra. Gaia tem receitas muito mais reduzidas do que qualquer uma delas, mas ao mesmo tempo foi capaz de investir fortemente sem pôr em causa o equilíbrio das contas municipais”, disse o autarca, que completa o seu terceiro e último mandato à frente da Câmara de Vila Nova de Gaia.
Na reunião foram ainda aprovados dois votos de pesar: um pela morte do ex-ministro socialista João Cravinho, que morreu sábado, e um segundo pela morte do Papa Francisco, que morreu na manhã de segunda-feira.