O Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ), no Porto, e os agrupamentos de centros de saúde Porto Oriental e Maia/Valongo formarão, a partir de janeiro, a ULSSJ.
A futura Unidade Local de Saúde São João (ULSSJ) vai implementar um projeto-piloto de telerreabilitação que permitirá a utentes que estão a recuperar de cirurgia realizar fisioterapia em casa e em horário flexível, foi hoje divulgado.
Em causa está um projeto promovido pela Direção-Executiva do Serviço Nacional de Saúde (DE-SNS).
O Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ), no Porto, e os agrupamentos de centros de saúde Porto Oriental e Maia/Valongo formarão, a partir de janeiro, a ULSSJ.
Em declarações à agência Lusa, o diretor de Medicina Física e Reabilitação do CHUSJ, João Barroso, explicou que este projeto é dirigido a doentes em recuperação pós-cirúrgica, nomeadamente nas regiões lombar, anca, joelho e ombro.
Após avaliação médica, os utentes participam no projeto em formato híbrido, isto é, numa fase inicial, o tratamento de reabilitação decorre em regime presencial para, posteriormente, continuar o programa de telerreabilitação no domicílio.
Ao longo do tratamento, o progresso do utente será monitorizado através de uma plataforma “online”, da Sword Health, com um sistema de alertas supervisionado pelo médico fisiatra.
“Claro que este projeto exige que o utente tenha alguma literacia digital, mas tem enormes mais-valias, até atendendo às listas de espera que existem nas clínicas convencionadas”, descreveu o diretor.
Salvaguardando que os tratamentos “são sempre monitorizados” e que “o acompanhamento será sempre garantido”, João Barroso acrescentou as mais-valias para o utente que “aprende exercícios de manutenção que pode replicar e replicar em casa e no horário que mais lhe convém”.
A mesma opinião tem o médico Miguel Ornelas, do ACES Porto Oriental, que à Lusa destacou que esta “inovação coloca o cidadão no centro da gestão dos seus problemas de saúde e acelera o acesso à fisioterapia”.
“A medicina física de reabilitação tem décadas de provas dadas na melhoria de muitas patologias. Dado o envelhecimento da população e a melhor qualidade assistencial que leva a detetar mais cedo mais patologias, há maior utilização dos serviços de medicina física e de reabilitação, mas nota-se dificuldade de acesso”, disse.
Miguel Ornelas destacou, neste projeto-piloto, a monitorização permanente pelos fisioterapeutas, bem como “a manutenção de um cordão umbilical aos médicos de família e aos médicos de medicina física e de reabilitação”.
Este projeto foi criado a partir do “Center for Responsible AI” (Centro para Inteligência Artificial Responsável), um consórcio focado na criação de produtos com inteligência artificial e criado no âmbito das Agendas Mobilizadoras de Inovação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), do qual o CHUSJ e a Sword Health fazem parte.
Com uma duração prevista de seis meses, a iniciativa prevê chegar a cerca de 300 utentes referenciados, de acordo com protocolos clínicos, para efetuar tratamentos de reabilitação no seu domicílio.
Informação remetida à Lusa dá conta de que “entre as principais vantagens do projeto-piloto está a maior acessibilidade e comodidade para o utente, uma vez que lhe é permitido ser tratado no conforto da sua casa e nos horários mais adequados ao seu dia-a-dia, sem os constrangimentos das deslocações associadas à fisioterapia convencional”.
“Cabe à DE-SNS apoiar e estimular a integração de soluções inovadoras que permitam aumentar o acesso e a comodidade dos utentes. Está na altura de o SNS assumir também a sua missão de verdadeiro mostrador de tecnologias ao serviço dos utentes. Esta parceria é um bom exemplo disso: juntar o que melhor se faz no empreendedorismo português, com o que de melhor se faz na prestação de cuidados de saúde no SNS”, refere o líder da DE-SNS, Fernando Araújo, citado na informação.
Já a presidente do Conselho de Administração do CHUSJ, Maria João Baptista, destaca que “a implementação de modelos tecnológicos que permitam assegurar cuidados de saúde, como a reabilitação física, de forma disruptiva”.
“A telerreabilitação surge como uma alternativa que permite uma maior equidade no acesso aos cuidados e uma maior qualidade de vida para o utente”, conclui.