O uso do fogo era a principal causa dos incêndios no verão, mas agora é o incendiarismo, porque as pessoas que faziam o fogo de forma negligente perceberam a mensagem.
O fogo posto foi a principal causa dos incêndios rurais registados este ano, tendo as autoridades detido 101 pessoas e identificado 915, revelou hoje a Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF).
Em conferência de imprensa de apresentação dos principais resultados do Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais 2023, o presidente da AGIF, Tiago Oliveira, informou que foi sobretudo durante o verão que foram feitas as 101 detenções pelo crime de incêndio florestal e identificadas as 915 pessoas.
Tiago Oliveira avançou que as principais causas dos incêndios passaram das queimas e queimadas para o incendiarismo (fogo posto), apesar de se ter registado este ano uma redução para mais de metade do número de fogos que resultam destas causas.
“O uso do fogo [queimas e queimadas] era a principal causa dos incêndios no verão, mas agora é o incendiarismo, porque as pessoas que faziam o fogo de forma negligente perceberam a mensagem. Agora temos que tratar o incendiarismo de uma forma muito objetiva”, defendeu, destacando neste âmbito o trabalho que tem vindo a ser feito pelo grupo de redução de ignições.
Segundo Tiago Oliveira, este grupo de redução de ignições estuda os contextos locais, específicos, os problemas de inserção social e a questão da saúde mental.
“Tem um conjunto de metodologias que permitiu reduzir ao longo dos anos o número de fogos de natureza incendiária para mais de 50% mas ainda subsistem cerca de 1.284 incêndios que tem esta causa [incendiarismo]”, disse.
Presente na conferência de imprensa, o presidente do Instituto da Conservação da Natureza e das Floresta (ICNF), Nuno Banza, explicou que o grupo de redução de ignições é uma equipa multidisciplinar criada entre o ICNF, PJ e GNR que permite acompanhar de perto no território um conjunto de dinâmicas ilegais.
Atualmente existem dois grupos de trabalho, um no Norte e outro no Centro, que têm como missão aumentar a eficiência no apuramento do número de causas de incêndios florestais e garantir uma eficaz vigilância do uso indevido do fogo, com vista à redução do número ignições em espaço rural.
Por sua vez, o presidente da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, Duarte Costa, presidente da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), Duarte Costa, afirmou que este ano houve o maior investimento de sempre na área da prevenção dos incêndios, apesar de não ter existido um desinvestimento na área do combate, sendo exemplo disso os 71 meios aéreos.
Segundo Duarte Costa, em 2018 o orçamento no âmbito dos incêndios florestais destinava-se 80% ao combate e 20% à intervenção, tendo passado para 50% para a prevenção e combate em 2022
“Este ano foi a primeira vez que conseguimos ter para a área do combate 39% e 61% para a área da prevenção. Isto não quer dizer que se diminuiu a área do combate. Houve foi a consciência e uma maior necessidade de investir em financiamento e preparação no fator de prevenção”, disse, frisando que “a questão dos fogos rurais não se resolve no combate”.