As estimativas indicam que cerca de três em cada 100 adultos têm PHDA, que se pode caracterizar por sintomas como dificuldade na atenção, impulsividade ou dificuldade em ficar quieto.
Uma equipa de investigação da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) está a trabalhar numa ferramenta que pretende melhorar o rastreio da Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA) nos adultos portugueses, foi hoje divulgado.
“Atualmente não existe nenhuma escala de PHDA validada para a população portuguesa que esteja de acordo com os atuais critérios de diagnóstico e permita a sua utilização para rastreio em contexto comunitário. Esta ferramenta poderá ser particularmente útil no contexto de cuidados de saúde primários, contribuindo para melhorar a prestação de cuidados”, explica Sofia Baptista, professora da FMUP, citada em comunicado.
No texto enviado à agência Lusa, a equipa diz esperar que a ferramenta seja disponibilizada “em breve”.
Trata-se de um projeto que “deverá validar a utilização de uma escala curta e de fácil preenchimento (cerca de cinco minutos) capaz de detetar a maioria das situações de Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção na população em geral”, descreve.
A escala de seis itens da Organização Mundial de Saúde (OMS) demonstrou a sua capacidade noutros contextos, mas ainda não foi validada em Portugal.
Frequentemente com início na infância, “a Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA) é um distúrbio do neurodesenvolvimento que pode persistir na idade adulta, associando-se a outros problemas de saúde mental e dificuldades laborais”.
“O diagnóstico de PHDA no adulto pode ser particularmente desafiante. Muitas vezes a PHDA não é diagnosticada nem tratada, embora exista tratamento eficaz. Muitos pacientes não recebem tratamento e acompanhamento adequados e, por consequência, não atingem o seu potencial completo”, refere a docente.
As estimativas indicam que cerca de três em cada 100 adultos têm PHDA, que se pode caracterizar por sintomas como dificuldade na atenção, impulsividade ou dificuldade em ficar quieto.
Quando não é diagnosticada nem tratada apropriadamente, esta perturbação pode ter, por isso, “um impacto significativo na vida adulta, em termos pessoais, sociais e profissionais”.
O projeto da FMUP foi contemplado com uma bolsa de apoio à investigação APMGF — Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar | AICIB — Agência de Investigação Clínica e Inovação Biomédica 2004, no valor de 3.000 euros, atribuída no âmbito do 41.º encontro nacional da APMGF, que se realizou em abril, no Algarve.
Além de Sofia Baptista, são autores deste projeto Rafaela Silva, estudante da FMUP, Andreia Teixeira e Paulo Santos, da FMUP e CINTESIS@RISE, e ainda Gustavo Jesus, diretor do serviço de Psiquiatria do Hospital de Vila Franca de Xira.