Estabelecimento Prisional do Porto com dificuldades para cumprir diligências

A falta de condições dos serviços prisionais para assegurar o transporte de um arguido recluso levou hoje ao adiamento da quarta sessão do julgamento do processo Vórtex, que estava marcada no Tribunal de Espinho, no distrito de Aveiro.

Outubro 17, 2024

O Estabelecimento Prisional do Porto está a ter dificuldades para cumprir várias diligências ao exterior, como o transporte de reclusos, uma situação que tem levado ao adiamento de vários julgamentos, informou fonte da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP).

Questionada pela Lusa, fonte da DGRSP confirmou a existência de dificuldades para o cumprimento, por parte do Estabelecimento Prisional do Porto, de todas as diligências que tem que executar.

“Só para a manhã de hoje, dia 17 de outubro, estão agendadas 23 diligências ao exterior dirigidas a tribunais, hospitais e órgãos de polícia criminal”, refere a mesma nota.

Para suprir esta dificuldade, a DGRSP refere que tem recorrido à “custódia partilhada entre estabelecimentos prisionais e ao sistema de vídeoconferência com os tribunais”.

A falta de condições dos serviços prisionais para assegurar o transporte de um arguido recluso levou hoje ao adiamento da quarta sessão do julgamento do processo Vórtex, que estava marcada no Tribunal de Espinho, no distrito de Aveiro.

O juiz presidente do coletivo de juízes que está em exclusivo com este julgamento explicou que receberam uma comunicação do estabelecimento prisional a informar que, devido à falta de meios, não seria possível assegurar a comparência do arguido Paulo Malafaia no julgamento.

“Não vamos poder fazer a audiência no dia de hoje. Infelizmente temos tido alguns problema com o transporte de reclusos”, disse o juiz presidente, afirmando que o estabelecimento prisional se tem queixado de “falta de condições e de meios para assegurar o transporte de reclusos”.

O tribunal colocou a possibilidade de o arguido, que se encontra detido à guarda de outro processo, poder participar no julgamento por videoconferência, mas esta situação foi rejeitada por Malafaia que manifestou interesse em estar presente no tribunal.

“Tenho que me defender. Estou a ouvir, mas estou a ver muito mal. Acho importante estar presente e acredite que não gosto de ir para aí”, disse o arguido, em conversa com o seu advogado.

O coletivo de juízes decidiu assim adiar a sessão que irá continuar na sexta-feira às 10:30, com as declarações do arguido Francisco Pessegueiro.

O processo Vórtex está relacionado com “projetos imobiliários e respetivo licenciamento, respeitantes a edifícios multifamiliares e unidades hoteleiras, envolvendo interesses urbanísticos de dezenas de milhões de euros, tramitados em benefício de determinados operadores económicos”.

A operação culminou em 10 de janeiro de 2023 com a detenção do então presidente da Câmara de Espinho, Miguel Reis (PS), o chefe da Divisão de Urbanismo e Ambiente daquela autarquia, um arquiteto e dois empresários por suspeitas de corrupção ativa e passiva, prevaricação, abuso de poderes e tráfico de influências.

Em 10 de julho do mesmo ano, o Ministério Público deduziu acusação contra oito arguidos e cinco empresas, incluindo dois ex-presidentes da Câmara de Espinho, Miguel Reis e Pinto Moreira, que também viria a ser constituído arguido no âmbito deste processo, após ter sido ouvido no Departamento de Investigação e Ação Penal Regional do Porto.

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