Reconhecendo que há constrangimentos pela recusa dos médicos em cumprirem mais horas extraordinárias além das 150 obrigatórias, o presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia e Espinho fez questão de salientar o “bom senso” por parte dos clínicos.
A urgência de Ortopedia e os Cuidados Intensivos são os serviços mais afetados no Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia e Espinho pela escusa de médicos a cumprirem mais horas extraordinárias, disse à Lusa o responsável pela instituição.
Em declarações à Lusa, o presidente do Conselho de Administração daquela unidade hospitalar no distrito do Porto, Rui Guimarães, adiantou que o serviço de urgência de Ortopedia está a funcionar apenas com um médico a partir das 02.00 e que no serviço de Cuidados Intensivos 86% dos médicos que cumprem urgência apresentaram escusa a horas extraordinárias além das 150 obrigatórias por lei.
“Os constrangimentos que temos são na ortopedia, onde as nossas escalas a partir das 02:00 têm apenas um elemento, houve uma reorganização dos recursos de maneira a fazer coincidir o pico de menor afluência à urgência com a nossa resposta mais curta”, explicou.
Quanto aos Cuidados Intensivos, Rui Guimarães salientou que a situação é diferente das restantes áreas: “Enquanto nos outros serviços há consulta, cirurgia programada, internamento, este, por força da sua natureza, funciona como se fosse uma urgência aberta 24 sobre 24 horas e a maleabilidade e gestão de horários é muito mais difícil porque todo o horário é feito em turnos de urgência”, disse.
Segundo Rui Guimarães, a percentagem de médicos que se recusam a fazer horas extras, além das obrigatórias, nos Cuidados Intensivos daquele centro hospitalar é de 86%: “O serviço tem 35 médicos, dos quais 28 fazem urgência e destes 24 apresentaram escusa”, apontou.
Reconhecendo que há constrangimentos pela recusa dos médicos em cumprirem mais horas extraordinárias além das 150 obrigatórias, o presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia e Espinho fez questão de salientar o “bom senso” por parte dos clínicos.
“Muita das pessoas que apresentaram escusa e se posicionaram desta forma têm concordado, ainda que de forma mais pontual do que era habitual, fazer horas além das 150, nomeadamente quando há situações de doença de colegas, baixa ou férias, ou ausências. Tem havido bom senso e isso é de salientar porque mostra a preocupação que os médicos têm”, referiu Rui Guimarães.