Cortejo termina com o tradicional “banho santo” na Praia do Ourigo.
O cortejo de São Bartolomeu, ou de Trajes de Papel, regressa no domingo à Foz, no Porto, com os Jogos Olímpicos como tema e a medalhada olímpica portuense Rosa Mota como convidada especial, foi hoje anunciado.
De acordo com uma nota de imprensa divulgada pela União de Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde (UFAFDN), além de 500 figurantes são esperados “cerca de 10 mil espetadores ao longo de um percurso de três quilómetros”, com início no largo de Sobreiras na Cantareira e fim com o tradicional “banho santo” na Praia do Ourigo, “onde os trajes de papel se fundem nos mares sagrados”.
A tradição, que conta com mais de 150 anos de história, tem como tema para este ano “Os Jogos Olímpicos – as cidades das nossas medalhas”, e terá como convidada especial a ex-atleta portuguesa Rosa Mota, medalhada de ouro na maratona nos jogos de Seul 1988 e de bronze em Los Angeles 1984.
O desfile contará com o bloco da união de freguesias com o tema de França, o bloco do Desportivo Operário Fonte da Moura com as cores de Londres, o bloco da Associação de Moradores do Bairro de Aldoar com o tema do Rio de Janeiro, o bloco do Orfeão da Foz do Douro desfilará com temas alusivos à Grécia Antiga e bloco da Associação de Moradores da Pasteleira com as cores das cidades orientais.
“No evento participam diversas personalidades públicas da sociedade portuense, numa edição que dará corpo à candidatura dos trajes de papel a Património Imaterial da UNESCO”, refere ainda a nota da união de freguesias liderada por Tiago Mayan Gonçalves.
A par do cortejo, decorrem ainda no Forte de São João Baptista uma “exposição inédita de vestidos em papel de Mollerussa e Amposta, duas das cidades espanholas parceiras na candidatura dos trajes em papel a Património Imaterial da UNESCO”, entre sábado e 01 de setembro, e a Feira Renascentista, entre quinta-feira e domingo.
A união de freguesias aliou-se aos municípios espanhóis de Mollerusa e Amposta, na Catalunha, e Güeñes, no País Basco, para preservar as tradições locais dos trajes de papel, num processo de candidatura junto da UNESCO que se estende até 2025.
A Romaria de São Bartolomeu remota à tradição do século XIX, quando fiéis acreditavam que, a 24 de agosto, São Bartolomeu encarnava nas águas e o Diabo andava à solta e procuravam proteção conta males de pele, gaguez ou efeitos demoníacos, mergulhando no mar em busca da sua proteção.
A tradição dos trajes de papel surge na década de 1930, trazida pelo antigo embarcadiço Costa Padeiro e associada à Festa do Banheiro, e o primeiro cortejo realizou-se em 1952.
“A partir de 1963 é dado novo fôlego ao cortejo por Joaquim Picarote, um “bairrista da Foz”. Desde 1979/1980 a organização do cortejo ficou a cargo da Junta de Freguesia e, após a união das freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde em 2013, estabeleceu a junta o seu Atelier de São Bartolomeu”, refere o comunicado da UFAFDN.
A criação dos trajes implica uma logística prolongada no tempo e a transformação minuciosa de papel crepe em trajes coloridos.