José Lourenço Pinto deverá agora, na qualidade de presidente da MAG, consumar os procedimentos legais para anular a reunião magna adiada para a próxima segunda-feira.
A proposta de revisão dos estatutos do FC Porto, que deveria ter sido deliberada pelos associados dos “dragões” na segunda-feira, foi hoje retirada pelo Conselho Superior, três dias após a suspensão da Assembleia Geral (AG) extraordinária.
A decisão resultou de uma reunião decorrida ao final da tarde entre os membros daquele órgão consultivo, que ratificaram “por unanimidade” e no “superior interesse” dos “azuis e brancos” uma moção para retirar a proposta de revisão estatuária por si elaborada, cuja apreciação requeria dois terços de votos favoráveis, mas nem chegou a suceder na AG.
Em comunicado emitido no sítio oficial do FC Porto na Internet, o Conselho Superior, que é chefiado, por inerência, pelo líder da Mesa da Assembleia Geral (MAG), José Lourenço Pinto, referiu que procura “apaziguar o divisionismo que se quer criar na família portista”.
Admitindo que a proposta em discussão “é boa e rigorosa, salvaguardando inteiramente os interesses do clube e dos seus associados”, o órgão lamenta que o “condicionamento criado” durante a reunião magna “azul e branca” e o “empolamento artificialmente criado pela comunicação social e redes sociais” tenham resultado em “lamentáveis incidentes”, tornando mesmo “uma importante assembleia num momento de primárias incendiadas”.
Os trabalhos tinham sido suspensos na segunda-feira pela MAG e, depois, reagendados para 20 de novembro, às 21:00, no Dragão Arena, na sequência de uma reunião magna agitada e com confrontação entre associados, que, face à forte afluência, mudou de local à última hora, passando de um auditório do Estádio do Dragão para o pavilhão do clube.
A reunião magna reiniciou já depois das 22:30, mas várias pessoas abandonariam o local ao fim de pouco tempo, na sequência de altercações verificadas nas bancadas, conforme atestam vídeos divulgados nas redes sociais e relatos de sócios que conseguiram entrar.
No dia seguinte, a direção do FC Porto condenou os desacatos e garantiu que vai utilizar “os meios que tem ao alcance para identificar os responsáveis pelas agressões físicas e mobilizará os órgãos sociais”, visando a abertura de processos disciplinares, enquanto o Ministério Público (MP) instaurou um inquérito às ocorrências notadas no Dragão Arena.
Os novos estatutos substituíam abril por junho como limite máximo para a realização das eleições dos órgãos sociais do FC Porto, que decorrerão no primeiro semestre de 2024.
A hipotética adoção do voto eletrónico e por correspondência, a filiação sénior mínima de 15 anos, em vez dos atuais 10, para se concorrer à presidência ou o acesso ao direito de voto após dois anos ininterruptos como sócio eram outras das alterações em discussão.
O documento pugnava ainda pela manutenção do capital social da SAD face à eventual entrada de novos investidores e dava mais abertura à realização de negócios entre os titulares dos órgãos sociais e os “dragões”, protegendo o “manifesto interesse do clube”.
José Lourenço Pinto deverá agora, na qualidade de presidente da MAG, consumar os procedimentos legais para anular a reunião magna adiada para a próxima segunda-feira.