António Costa diz que, se esse choque fiscal for concretizado, gerará uma diminuição da receita em quatro anos na ordem dois 16 mil milhões de euros.
O primeiro-ministro estima que o “choque fiscal” da AD retire 16 mil milhões de euros em quatro anos à receita, o que, se não for mentira, significará rombo nas contas públicas ou corte de salários e pensões.
Esta posição sobre o programa económico da Aliança Democrática (AD) foi transmitida por António Costa no discurso que proferiu no tradicional almoço na cervejaria Trindade, em Lisboa, antes de descer o Chiado ao lado do secretário-geral, Pedro Nuno Santos.
Na parte final da sua intervenção, com cerca de 20 minutos, o líder do executivo cessante quis deixar “dois alertas”, o segundo deles sobre a promessa da AD de fazer um choque fiscal — promessa que lembrou ter sido feita pelo antigo primeiro-ministro Durão Barroso em 2002, mas que resultou num aumento do IVA em dois pontos percentuais.
“Admitamos que fazem mesmo o choque fiscal. De acordo com as contas deles, se nós formos somando ano após ano, esse choque fiscal, verdadeiramente é um bónus para as grandes empresas. Basta ouvir os resultados da banca e da grande distribuição para percebermos que estão de boa saúde e não precisam de apoio”, começou por observar o primeiro-ministro.
A seguir, António Costa disse que, se esse choque fiscal for concretizado, gerará uma diminuição da receita em quatro anos na ordem dois 16 mil milhões de euros.
“É retirar à receita o equivalente àquilo que o PRR (Plano de Recuperação e Resiliência) trouxe para a economia portuguesa e não há uma quarta de três hipóteses: Ou eles vão provocar um enorme rombo nas contas públicas; ou então, para não haver desequilíbrio orçamental, compensam a perda de receita com uma nova receita – e então têm de explicar quais os impostos que vão aumentar; ou, por último, vão ter de cortar na despesa”, sustentou.
Nesta última hipótese, António Costa desafiou depois a AD a esclarecer qual “a despesa vão cortar”, porque “o país já não tem onde cortar na despesa”. E, numa alusão ao Governo de Pedro Passos Coelho apontou: “Eles, quando tiveram de cortar na despesa, cortaram nos salários e — pior ainda – nas pensões”.
“Sejamos muito claros: Este choque fiscal ou é uma mentira, ou é um rombo nas contas pública, ou está escondido com outros aumentos de impostos para compensar a redução de receita, ou então é pré-anúncio de novo corte de despesa, o que para a direita significa cortar de salários e pensões”, reforçou.