Em declarações aos jornalistas, a ministra adiantou que, tal como o CAC de Lisboa, o do Porto também irá funcionar entre as 08:00 e as 20:00 todos os dias da semana.
O Centro de Atendimento Clínico (CAC) do Hospital da Prelada, no Porto, que visa libertar as urgências hospitalares dos casos não urgentes, abrirá na última semana de agosto, anunciou hoje a ministra da Saúde.
O anúncio de Ana Paula Martins foi feito no final da visita de inauguração do primeiro CAC do país, a funcionar no centro de saúde de Sete Rios, em Lisboa, integrado na Unidade Local de Saúde Santa Maria, que recebeu hoje de manhã sete doentes referenciados pela Linha SNS 24.
Em declarações aos jornalistas, a ministra adiantou que, tal como o CAC de Lisboa, o do Porto também irá funcionar entre as 08:00 e as 20:00 todos os dias da semana.
“São os horários de funcionamento que temos previstos neste momento” para os dois primeiros centros de atendimento clínico aos quais se seguirão outros, disse a governante, adiantando que irão ajustando o modelo “não só às necessidades, mas também à disponibilidade” de recursos humanos e de equipas.
Questionada se tem uma previsão do ritmo a que vão aparecer outros CAC, a governante afirmou que, “neste momento, é mesmo muito importante que estes dois primeiros centros de atendimento possam ter alguma experiência”, mas avançou que já há unidades locais de saúde de algumas zonas do país que manifestaram vontade de iniciar este projeto.
“Temos vários pedidos e muita disponibilidade por parte dos conselhos de administração”, mas neste momento ainda estão em avaliação, disse, revelando que, a partir de outubro, estarão em condições “para chegar ao inverno com mais unidades como estas abertas”.
A criação de centros de atendimento clínico para atender situações agudas de menor complexidade e urgência, que funcionarão como “coroa de proteção” aos serviços de urgência hospitalares, consta do Plano de Emergência e Transformação na Saúde do Governo.
O presidente da Unidade Local de Saúde Santa Maria, Carlos Martins, falou da mais-valia do CAC, explicando que “é um espaço inovador que visa descongestionar as urgências, mas com o objetivo principal de permitir que os cidadãos tenham acesso a cuidados de saúde”.
A ULS Santa Maria é um hospital de referência nacional em que 80% dos doentes em urgência são fora da área hospitalar e muitos são estrangeiros, disse.
Segundo o administrador hospitalar, 20, 30 e, por vezes, 40% dos doentes na urgência eram triados como verdes e azuis (menos urgentes) e tinham que esperar algum tempo.
“Um tempo que consideramos inadequado e esta é a resposta para o tempo adequado”, disse Carlos Martins, sublinhando que o CAC é “uma extensão do serviço de urgência” para onde são referenciados os casos não urgentes pelo SNS 24 e pela urgência central do Hospital Santa Maria.
Exemplificou que das primeiras 27 referenciações feitas hoje de manhã pelo SNS 24, “sete foram para o CAC com um tempo de espera zero”.
“Ainda há pouco entrou uma senhora que, passado 15 minutos, já estava a ir embora, devidamente atendida”, contou, considerando que o CAC tem os recursos considerados necessários para atender a população diária estimada de 80 a 100 utentes, podendo chegar nalguns, eventualmente, aos 120
Tem por turno três médicos, dois enfermeiros, dois técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica, um assistente técnico, um secretariado administrativo e um técnico de auxiliar de saúde e, em termos de diagnóstico, dispõe de raio x, análises clínicas e eletrocardiograma.
Para Carlos Martins, este centro de atendimento “faz todo o sentido”, porque “vai permitir gerir os tempos de espera e gerir os doentes de uma forma mais equilibrada, mais humana e do ponto de vista da gestão do erário Público”.
Questionado sobre o relato de alguns utentes que disseram que o centro de saúde já não tem médicos para dar resposta ao número de utentes, Carlos Martins explicou “a falta de médicos de família no perímetro dos cuidados de saúde primários” da ULS “é outra realidade.
“Por isso, é que o Governo nos atribuiu 47 vagas de um processo que está a decorrer” para médicos de Medicina Geral e Familiar, disse, elucidando que na área de Lisboa Norte e Mafra há 100.000 utentes sem médico de família.
Adiantou que a ULS está a trabalhar para colmatar este problema com várias medidas, entre as quais a articulação com os cuidados de saúde hospitalares para haver consultas hospitalares nos centros de saúde, a telemedicina e o reforço de recursos humanos.