Assembleia Municipal do Porto repudia e condena ataques contra imigrantes

Ao voto de repúdio apresentado pela CDU associaram-se todas as forças políticas com representação na Assembleia Municipal do Porto, à exceção do Chega, que votou contra.

Maio 14, 2024

A Assembleia Municipal do Porto aprovou, com o voto contra do Chega, um voto de repúdio e de condenação pelos ataques a imigrantes que ocorreram em 04 de maio na freguesia do Bonfim.

Ao voto de repúdio apresentado pela CDU associaram-se todas as forças políticas com representação na Assembleia Municipal do Porto, à exceção do Chega, que votou contra.

Pela CDU, a deputada Alexandra Guerra e Paz condenou as agressões, defendendo que as mesmas “tiveram por base motivações racistas e xenófobas”.

Também o socialista Agostinho Sousa Pinto repudiou os ataques e defendeu a necessidade de o Porto “criar condições para a coabitação de todos independentemente da sua nacionalidade, religião ou opção política”.

“Cabe a nós pugnar por melhores condições de vida para aqueles que escolheram o nosso país para viver. Devemos condenar sem “mas” e sem “ses” estes atos inqualificáveis, bem como todos os discursos que os fomentam”, referiu.

O social-democrata Rodrigo Passos classificou o ataque como “um crime hediondo, vil e de ódio”, repudiando os acontecimentos, assim como a “tentativa de polarização” que foi feita no debate político.

Lamentando as agressões, o deputado único do PAN, Paulo Vieira de Castro, defendeu que os imigrantes “são usados demasiadas vezes como arma de arremesso quer pelos populistas de direita, quer pelos populistas de esquerda”.

Apesar de condenar o “ato criminoso perpetuado por um bando de criminosos que invadiram uma habitação e espancaram cidadãos indefesos”, o deputado único do Chega, Jerónimo Fernandes, acusou os partidos de esquerda de “tentarem reduzir”, no voto apresentado, as causas do sucedido.

“Reduzir isto a fascistas, xenófobos e pessoas focadas em contrariar as circunstâncias em que vivem é muito básico e de quem não tem o mínimo de capacidade de analisar as condições em que os cidadãos do Porto vivem em algumas zonas”, referiu.

Criticando o Chega por não participar nas reuniões de preparação da assembleia, a deputada Susana Constante Pereira, do BE, destacou que o voto apresentado “convoca a falar do que une” a maioria dos deputados, nomeadamente, “o repudio a este ataque racista e vil que aconteceu e que envergonha”.

Também o deputado Raul Almeida, do movimento independente “Rui Moreira: Aqui Há Porto”, saudou o amplo consenso em torno do que aconteceu a 04 de maio na cidade.

“É o momento dos princípios sobre a ideologia e da humanidade sobre a barbárie”, defendeu, dizendo que se o Porto quer continuar a ser “uma cidade de tolerância e inclusiva” não pode “fechar os olhos” ao “incitamento ao ódio” feito nas redes sociais por grupos de extrema-direita.

“Isto não é preciso para rigorosamente nada na nossa sociedade”, afirmou.

Em substituição do presidente da câmara, o vice-presidente Filipe Araújo condenou os ataques que considerou “um crime de ódio”.

“O Porto é uma cidade de liberdade, tolerância e abertura. Não há uma relação direta entre insegurança e imigração, isto tem de ser dito de forma cabal quando estamos a tentar misturar assuntos. O que importa é que haja segurança para todos”, assegurou.

Também o presidente da Junta do Bonfim, João Aguiar, condenou os ataques, mas apelou a que não se tirassem “ilações precipitadas”, apelando a que se aguarde pelas conclusões das investigações.

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