André Villas-Boas pugna pela renovação desportiva e financeira do FC Porto

André Villas-Boas olha com “grande apreensão” para a promessa da direção do FC Porto em edificar uma academia na Maia, mas sublinha que respeitará os contratos assinados.

Janeiro 18, 2024

A renovação desportiva e financeira do FC Porto encabeça os eixos da candidatura à presidência do clube de André Villas-Boas, ex-treinador da equipa principal de futebol, que apresentou hoje o seu programa eleitoral na Alfândega do Porto.

“Acho que o FC Porto precisa de mudança e tenho vindo a preparar-me para ser o motor dessa transformação. O FC Porto precisa de se encontrar com as suas bases e valores, com os princípios fundamentais da instituição e com todos os sócios, além de demonstrar uma nova dinâmica e força e um modelo de gestão mais rigoroso. É tempo de o FC Porto entrar numa nova fase”, reconheceu aos jornalistas o candidato às eleições do clube, que devem decorrer em abril, logo após a cerimónia de lançamento da lista “Só há um Porto”.

André Villas-Boas procura implementar uma direção desportiva “competente, experiente, estruturada, profissional e interventiva”, que esteja à altura da “grandeza e exigência” dos “dragões” e possa otimizar ativos e criar valor na equipa principal e nas camadas jovens.

Além de criar uma direção de “scouting”, um gabinete de performance e uma metodologia unificada na formação, o candidato deseja um centro de alto rendimento para as equipas profissionais no Olival, cujo plano de arquitetura vai ser divulgado em breve, enquanto os custos e as hipóteses de financiamento da obra serão debatidos em sede de campanha.

André Villas-Boas olha com “grande apreensão” para a promessa da direção do FC Porto em edificar uma academia na Maia, mas sublinha que respeitará os contratos assinados.

Completar os escalões em falta na formação e a nível sénior no futebol feminino e lançar bases para a criação do departamento de futsal surgem ainda nos planos desportivos da candidatura do ex-treinador, de 46 anos, que passou pelo comando dos “azuis e brancos” em 2010/11 e venceu quatro provas, entre as quais a I Liga portuguesa e a Liga Europa.

“O motor do FC Porto é a sua gestão desportiva e essa, lamentavelmente, desapareceu. Com um enquadramento estruturado, podemos voltar a encontrar essa força. Vamos ter uma direção desportiva rigorosa e adequada à modernidade, composta por pessoas que representam a mística do clube e outras experientes e com nome no mercado”, apontou.

O equilíbrio financeiro é outro dos eixos programáticos de André Villas-Boas, que fala em racionalizar custos, estruturar e renegociar a dívida ou otimizar o “cash flow” operacional, recorrendo a iniciativas que potenciem o aumento de receitas e o crescimento da marca.

A administração da SAD incluirá “profissionais credíveis, com comprovada experiência e reconhecidos pelo mercado pela sua competência, mérito e sucesso nos seus setores de atividade”, tendo “a transparência, a ética e a boa governança como pilares de atuação”.

Os encargos com a remuneração fixa dos elementos da sociedade atualmente presidida por Jorge Nuno Pinto da Costa vão ser reduzidos em mais de 50%, enquanto o montante variável passará a ter um teto máximo de 60% da fixa e um pagamento condicionado a ponderadores positivos das áreas financeira e desportiva, abrangendo cada colaborador.

Esse “modelo de gestão aberto” implica também a adoção de um portal da transparência, que contenha “informação fidedigna e atualizada aos sócios” acerca dos custos inerentes às transferências de atletas e aos negócios estruturantes efetuados pelo grupo FC Porto.

“Lamenta-se que, a três meses das eleições, estejam a ser tomadas decisões que podem hipotecar uma futura gestão do clube. Decisões desta relevância só sucedem quando se vende parte do clube ou uma das sociedades participadas ou quando se faz movimentos contabilísticos quanto à reavaliação dos ativos do clube, tal como é o Estádio do Dragão. Nesta fase, estamos muito ansiosos e à espera dessas decisões estruturantes que o FC Porto tomará para melhor compreendermos e adaptarmos as nossas estratégias”, frisou.

Em relação ao ecletismo, André Villas-Boas fortalece a aposta nas camadas jovens e na autossustentabilidade das modalidades, sem afetar a sua competitividade, e promove a prática do desporto amador através de um fundo apoiado pela futura fundação do clube.

Uma maior representação junto das entidades reguladoras do desporto orienta a vertente associativa da candidatura, que salvaguarda a manutenção da maioria da SAD e lança a eventualidade de o FC Porto fundar uma Associação Europeia de Clubes de Associados.

Modernizar a bilhética nas partidas, com “índices de proporcionalidade” que garantam um acesso “equitativo e justo” das casas do clube aos ingressos, é outra das propostas mais marcantes de André Villas-Boas, que se juntou hoje ao empresário Nuno Lobo, candidato vencido em 2020, no ato eleitoral para os órgãos sociais rumo ao quadriénio 2024-2028.

Pinto da Costa, de 86 anos, ainda não revelou se concorrerá a um 16.º mandato seguido, numa fase em que é o dirigente com mais títulos e longevidade do futebol mundial, tendo sido eleito pela primeira vez como 33.º presidente da história do clube em abril de 1982.

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