Intitulada “A STCP está sempre lá”, a transportadora apresenta uma intervenção “no Museu do Carro Elétrico que destaca as memórias e as vivências de atuais e anteriores” trabalhadores do então Serviço de Transportes Coletivos do Porto.
A Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP) vai assinalar os 50 anos do 25 de Abril, a partir de hoje e durante um ano, com testemunhos de trabalhadores e objetos passados, no Museu do Carro Elétrico.
Intitulada “A STCP está sempre lá”, a transportadora apresenta uma intervenção “no Museu do Carro Elétrico que destaca as memórias e as vivências de atuais e anteriores” trabalhadores do então Serviço de Transportes Coletivos do Porto.
A intervenção contará com um testemunho de um trabalhador por mês no Museu do Carro Elétrico, “sendo a par exibidos objetos, documentos e outros materiais que remeterão os visitantes para esse tempo vivido dentro da STCP”.
Estará patente até ao dia 25 de abril de 2025 e conta ainda com uma página na Internet (https://50anos25abril.stcp.pt/).
“O STCP era uma empresa de hierarquias, constituído na sua maioria por homens”, em que “os operários começavam a trabalhar muito novos, e o trabalho era pesado e executado em condições difíceis”, num ambiente em que “a disciplina e o medo estavam bem presentes no dia a dia dos trabalhadores”, pode ler-se num folheto da exposição a que a Lusa teve acesso.
Precisamente, um dos objetos em exposição será um macaco manual, “símbolo da complexidade, principalmente dos trabalhos relacionados com o manuseio de carros elétricos”.
Já as chapas de identificação, também em exposição, são a ilustração da obrigatoriedade dos trabalhadores estarem sempre “identificados com o seu número mecanográfico”, e, “dependendo da imagem ou decoração, permitiam identificar a categoria profissional e a hierarquia”.
As bolsas de ordenados (uma saca de pano para cada trabalhador, identificado por número, onde o dinheiro era depositado em numerário) também faziam parte do quotidiano da empresa, num ambiente laboral em que, antes da revolução, “os trabalhadores não tinham modalidade de vencimento fixa, podendo receber ao dia (à jorna), à semana ou à quinzena”.
Também estará exposta uma barbearia que era utilizada pelos trabalhadores, exemplo prático do “investimento social e nas condições para os trabalhadores” após o 25 de Abril.
“Serviços como a barbearia, o casão e a alfaiataria permitiam dar a todos os trabalhadores do STCP o acesso a regalias e bens a preços mais reduzidos”, pode ler-se no folheto.
Outros dos objetos expostos serão uma placa “É proibido fumar”, títulos de transporte da época, um prato e talheres STCP, um rádio Grundig, o Relatório e Contas de 1974, passes, fardas, o Jornal STCP/1979, um autocarro Volvo adquirido em 1973 e as Alterações ao Acordo Coletivo de Trabalho de 1974.
Apesar da “certeza de que algo muito importante se estava a passar”, o 25 de Abril de 1974 foi “um dia normal de trabalho” no STCP, em que “os carros elétricos, os troleicarros e os autocarros continuaram a circular e os trabalhadores a trabalhar com normalidade”.
“Havia pessoas mais esclarecidas do que outras, mas a conversa era a mesma em todo o lado: o que é isto que está a acontecer? Ao final do dia, foram todos para os Aliados” festejar a liberdade.
Fotografia: facebook.com/museudocarroelectrico