A maior exposição monográfica de Francisco Tropa de sempre em Portugal.
A Fundação de Serralves apresenta a maior exposição monográfica de Francisco Tropa alguma vez mostrada numa instituição portuguesa.ⒶMO-TE vai estar patente de 8 de novembro até 11 de maio de 2025.
Autor de uma obra complexa, que combina de forma surpreendente um amplo leque de meios (escultura, desenho, performance, gravura, fotografia e filme) e referências (em que se destacam figuras dos mundos antigo e moderno, oriundas da arte, da ciência e da literatura), Francisco Tropa (Lisboa, 1968) construiu nos últimos 30 anos um universo muito próprio em que se evidenciam uma série de reflexões alimentadas por diferentes tradições da escultura, da literatura e da mitologia. Estas reflexões centram-se frequentemente em questões metafísicas e temas antropológicos e filosóficos, nomeadamente sobre a natureza, a origem e a finalidade da arte e do ato criativo.
A exposição ⒶMO-TE, organizada pelo Museu de Serralves, é comissariada por Ricardo Nicolau e organizada em colaboração com o Nouveau Musée National de Monaco, que apresenta, simultaneamente, outra vertente da obra de Francisco Tropa.
A exposição não pretende ser uma retrospetiva, apesar de se organizar em torno de projetos do artista realizados em cada década do seu percurso.
ⒶMO-TE, que se apresenta nas Galerias do Museu e no Mezanino da Biblioteca de Serralves, articula-se então em torno de três projetos principais: os “protótipos” maioritariamente produzidos nos anos 1990 e início dos anos 2000 e entendidos como momentos fundamentais da sua prática, apresentados no mezanino da Biblioteca de Serralves; A Assembleia de Euclides, que o manteve ocupado durante grande parte dos anos 2000; e O Enigma de RM, o seu trabalho mais recente.
A exposição deve ser entendida como uma espécie de grande máquina, na qual ao longo do percurso o visitante é sistematicamente confrontado com algumas das preocupações fundamentais do artista, nomeadamente a forma como as obras de arte são legitimadas, percecionadas, analisadas e transmitidas.
“Ⓐmo-te”, com um círculo em redor do A – referência direta a um dos símbolos anarquistas mais conhecidos –, a palavra inscrita na fachada da Escola Artística António Arroio (Lisboa), é hoje um dos sinónimos mais visíveis de valores em que facilmente (e orgulhosamente) se reveem as comunidades docente e estudantil. Está ligada a uma iniciativa ímpar no contexto da pedagogia artística nacional: o Atelier Livre (AT.RE.). União do grupo responsável pelos “Ⓐmo-te” (e por muitas outras ações dentro e fora da escola) e professores cúmplices da sua vontade de interrogar o currículo oficial da escola – nomeadamente Pedro Morais e António Campos Rosado –, o AT.RE. nasceu da vontade de criar um ensino das artes alternativo em Portugal (no início, muito questionado pela direção da escola).
Francisco Tropa frequentou a António Arroio entre 1983 e 1986, e refere sempre a influência do Atelier Livre, na altura coordenado por Pedro Morais, no seu percurso artístico,
Performances e conversa em programa paralelo
Reconhecendo a importância do caráter performativo da prática de Francisco Tropa, as peças A Marca do Seio e O Transe do Ciclista serão ativadas todas as terças-feiras (16h00), quintas-feiras (11h00), sextas-feiras (11h00) e sábados (16h00) durante todo o período da exposição.
Além disso, durante o fim-de-semana de 9 e 10 de novembro, apresentar-se-á um programa de performances concebido pelo Serviço de Artes Performativas de Serralves em estreita colaboração com o artista que ocupará vários espaços do Museu, nomeadamente o Auditório e o Átrio.
Esta “maratona” de atividades contempla ainda uma conversa na Biblioteca de Serralves (dia 9, pelas 11h) em que Francisco Tropa, Ricardo Nicolau (curador da exposição), Célia Bernasconi (curadora da exposição de Francisco Tropa no Nouveau Musée National de Monaco), Simone Menegoi (ensaísta, intérprete de longa data do trabalho de Francisco Tropa, autor de vários textos para o catálogo da exposição que analisam determinados projetos em profundidade) e Kathleen Campagnolo (responsável pela gestão do arquivo de Francisco Tropa durante a preparação da exposição e pela escrita de textos que descrevem a maioria dos trabalhos que surgem no livro) discutirão a prática do artista, e as perspetivas que terão orientado a conceção das exposições no Porto e no Mónaco.
Programa das performances
Dia 7 de novembro
De 22h00 às 24h00, Auditório de Serralves: Scripta
De 22h30 às 23h00, Galerias do Museu: A Marca do Seio e O Transe do Ciclista
Dia 9 de novembro
12h30 e 17h00, Átrio do Museu:Gigante
Dia 10 de novembro
12h00 e de 15h00 às 19h00, Átrio do Museu: Gigante
De 15h00 às 19h00, Auditório do Museu:Scripta
Scripta e Gigante são ativados por Ana Isabel Castro, Sofia Kafol, Paulo Pinto e Dori Nigro.
A Marca do Seio e O Transe do Ciclista são ativados por Cristiana Rocha, Daniela Cruz, Jorge Gonçalves e Guilherme de Sousa.
As performances que acompanham a exposição de Francisco Tropa foram, em diálogo com o artista, programadas e produzidas pelo Serviço de Artes Performativas de Serralves.
Sobre Francisco Tropa
Estudou na Escola António Arroio, em Lisboa, de 1983 a 1986, e completou o plano de estudos no Ar.Co., onde é professor no Departamento de Escultura desde 1996. Desta mesma instituição foi bolseiro no Royal Colege of Arts de Londres (1992) e, entre 1995-1996, foi bolseiro da Fundação Alfred Topfel na Kunstakademie, Münster. Entre os prémios que recebeu encontram-se o Prémio Amstelveen (1997) e o Prémio de Desenho da Bienal das Caldas da Rainha (1998).
Desde o início da sua carreira, no princípio da década de 1990, a escultura tem sido um elemento central no percurso artístico de Francisco Tropa, atraindo atenção significativa por parte de instituições e críticos. Representou Portugal na Bienal de Veneza em 2011 e participou em eventos de renome internacional, como a Bienal de Rennes (2012), a Bienal de Istambul (2011), a Manifesta (2000), e as bienais de Melbourne e São Paulo (ambas em 1999).
O seu trabalho recorre a múltiplos meios — escultura, desenho, performance, fotografia e filme — para explorar temas fundamentais da escultura, incluindo o corpo, a morte, a natureza, a paisagem, a memória, a origem e o tempo.
Sobre o Mecenas
A FUNDAÇÃO EDP, constituída em 2004, assume a missão de contribuir para a melhoria da qualidade de vida das pessoas, através de iniciativas sociais, culturais e científicas. Esta vontade de trabalhar para a construção de um futuro mais sustentável e inclusivo é transversal a toda a atividade da Fundação EDP, seja através dos projetos sociais que dinamiza e apoia, seja através da sua intervenção na área cultural, enquanto um dos principais mecenas das artes em Portugal e um relevante produtor cultural, desenvolvendo uma intensa programação expositiva no MAAT – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia.
Crédito fotos: NVStudio